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Home Literatura

Borges e o labirinto pessoal

porEder Alex
10 de agosto de 2016
em Literatura
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Foto: Divulgação

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Aos nove anos, fui flagrado tentando roubar um livro na humilde biblioteca da escola pública onde estudei durante metade da minha vida. Se bem que agora já é bem menos da metade. Mas enfim, o lugar servia como cativeiro para os alunos problemáticos e como refúgio para os alunos sem muito, digamos, network.

Minha iniciação livresca foi por lá, principalmente com os livros do João Carlos Marinho. Gostava tanto do lugar que queria levá-lo pra casa, só que a diretora (desculpa, Rosicler!) me impediu, mas também não me humilhou, nem nada, provavelmente tenha achado o delito até meio nobre, já que naquela época a moda era roubar videocassetes das salas de aula.

Aos nove anos, Jorge Luis Borges, um gurizinho argentino que também curtia uma biblioteca (a primeira foi a do pai, de onde diz nunca ter saído), traduziu um conto de Oscar Wilde e o publicou no jornal El País. 9 anos, é mole? Nessa idade o máximo que eu escrevia era obscenidade na porta do banheiro masculino e olhe lá. Daí podemos deduzir que a autobiografia de um dos maiores gênios da literatura mundial talvez seja um pouquinho mais interessante do que a de um pseudo delinquente literário.

Acho meio ridículo usar esse adjetivo para se referir a uma obra escrita e não a um x-bacon, mas Ensaio Autobiográfico, lançado pela Companhia das Letras com tradução de Maria Carolina de Araujo e Jorge Schwartz, é um livro saboroso, principalmente para quem é apaixonado não só pelos livros, mas também pelas pessoas que gostam deles. Sabe esse mundinho em que a gente se contorce para tentar identificar a capa do livro que o desconhecido está lendo ali no banco da frente? Tipo isso. Em pouquíssimas páginas (são apenas 83) Jorge Luis Borges generosamente tenta dar conta da grandiosidade de sua vida, argumentando com uma humildade de fazer corar qualquer aspirante a novo nome da literatura mundial da semana.

Em pouquíssimas páginas (são apenas 83) Jorge Luis Borges generosamente tenta dar conta da grandiosidade de sua vida.

É como que se toda a sua existência fosse traçada a partir dos seus passos nos labirintos das bibliotecas que frequentou. Ele cita suas primeiras leituras e suas primeiras publicações, das quais até se envergonha, por achar muito ruins. Mas por outro lado, sente orgulho de ter escrito O Aleph, por exemplo. Fala também em pelo menos dois ou três originais que considerou uma merda e simplesmente os destruiu, para desespero dos admiradores e estudiosos.

Mais curiosas do que as tristes passagens sobre o avanço da cegueira que o acometeu, são as memórias de quando ele trabalhou numa biblioteca e escrevia escondido. Mesmo após se tornar um escritor celebrado no meio acadêmico, muitos de seus colegas de trabalho nem sabiam que ela era escritor. Que falta faz um Facebook… Borges ainda faz graça quando cita, por exemplo, Mark Twain, que dizia ser possível iniciar uma biblioteca magnífica apenas deixando de fora os livros da Jane Austen e que, mesmo que ali já não restassem mais livros, ainda assim seria magnífica por não ter os livros da coitada.

Sobre o amor, só o pelos livros, pois Borges pouco fala a respeito das mulheres da sua vida. Mas um “momento Caras” nem se faz necessário ali, já que nesse pequeno livrinho Borges já nos deu o seu universo todo. Um universo infinito, não importa de qual ângulo você olhe.

*resenha publicada originalmente no blog: Café com Traça. 

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Tags: AutobiografiaClássicoCríticaCrítica LiteráriaJorge Luís BorgesLiteraturaLiteratura ArgentinaLiteratura latino americanaReview

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