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Home Literatura

‘Um Lobo Solitário’: uma amizade geopolítica

Em 'Um Lobo Solitário', Graham Greene apresenta o general Omar Torrijos, um homem complexo e intrigante, idealista e ditatorial.

porAlejandro Mercado
8 de novembro de 2016
em Literatura
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Um lobo solitário Graham Greene

Graham Green, um dos maiores romancistas ingleses. Foto: Reprodução.

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O ano é 1976. Àquela época, Graham Greene já era um jornalista e romancista reconhecido mundialmente. Mas este ano entraria para a vida de Greene de forma muito particular: o surgimento de uma grande amizade com o ditador panamenho, general Omar Torrijos Herrera. Graham Greene não compreendia exatamente as motivações do ditador para que lhe fosse feito um convite para que visitasse um país do qual ele pouco sabia, e muito menos para estar com alguém de quem ele também tinha poucas informações.

Acontece que o jornalista e romancista inglês sempre foi um homem a quem as ideias por trás das aventuras eram fascinantes. Então, motivado por uma ânsia de aventura, e com o espírito do corsário Henry Morgan, “o pirata que destruiu a Cidade do Panamá”, Greene aceitou o convite.

O Panamá vivia dias tensos. Militar, Torrijos tomou o poder do país através de um golpe de Estado, juntamente com outros militares. Contudo, sentia que seu companheiros de movimento, em especial Boris Martínez, José H. Ramos e José María Pinilla Fábrega, eram demasiadamente conservadores, muito próximos da elite panamenha, excessivamente influenciados pela política norte-americana e sem qualquer compromisso com a pátria. Foi assim que o general Omar Torrijos deu um golpe dentro do golpe, assumindo a condução política do país a partir de março de 1969.

Torrijos era um personagem complexo e contraditório e que lutava para afastar seu país do passado pró-americano e oligárquico para uma democracia social mais independente, ainda que ditatorial.

Torrijos assume um país fragilizado por crises econômicas, pobreza, baixa instrução e alta concentração de renda e propriedade. Seguiu rigidamente uma forma de governo pautada pelo populismo, promovendo a redistribuição de terras, geração de empregos e grande investimento em educação, além de um sem número de obras públicas.

Mas foi pela política externa que ficou marcado. Foi durante sua liderança que os norte-americanos deixaram a base militar de Río Hato depois de 30 anos de ocupação, e também partiu dele o acordo que fez com que o Canal do Panamá, via de navegação interoceânica que liga o Mar do Caribe ao Oceano Pacífico, retornasse à jurisdição panamenha, após mais de 80 anos sob administração norte-americana – o acordo foi firmado em 1977 entre Torrijos e o presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter. O acordo ficou conhecido como Tratado Torrijos-Carter e garantiu a devolução da administração ao país centro-americano em 31 de dezembro de 1999.

Um Lobo Solitário (221 págs), obra lançada pela Biblioteca Azul, com tradução de Julieta Leite, não é o olhar de Greene sobre os acontecimentos políticos, ainda que muitos deles sejam narrados a partir de seu olhar jornalístico e de suas viagens ao país liderado pelo general. Torrijos era um personagem complexo e contraditório e que lutava para afastar seu país do passado pró-americano e oligárquico para uma democracia social mais independente, ainda que ditatorial.

Graham Greene não esconde ao longo de Um Lobo Solitário o quanto aquela figura complexa e por vezes parecendo saída da ficção lhe causava admiração. Isto fazia com que o autor muitas vezes se visse demasiadamente próximo de seu objeto, a ponto de tornarem-se bons amigos, fazendo da obra da Biblioteca Azul um verdadeira tributo a essa amizade. Nota-se as raízes de um forte idealismo presente em ambos, ainda que não tenha sido isto a atrair Greene a Torrijos.

As quatro viagens de Greene estão registradas na obra, criando uma visão do Panamá mágica e, ao mesmo tempo, misteriosa, em especial pelas idiossincrasias latinas – incluindo nossa forma de fazer política. O olhar do romancista agrega um valor simbólico àquele país e às situações por ele vividas. Ele tinha um grande interesse pela América Latina, um lugar onde, em suas palavras, “raramente a política significou uma mera alternância entre partidos ravais. Tem sido uma questão de vida e morte”.

A prosa que tornou o escritor famoso e um dos principais nomes do século XX estão em Um Lobo Solitário. Estão, também, esboços de algumas das reuniões que tiveram juntos escritor e general, regadas a muito uísque e rum. Além disso, várias figuras conhecidas aparecem volta e meia na obra, como Gabriel García Márquez e Fidel Castro.

A morte do general, ocorrida em 1981, pouco antes da que seria a quinta viagem de Greene ao Panamá, até hoje guarda certos mistérios (dizem que ele teria sido morto por uma conspiração norte-americana), mas por sorte restaram memórias suficientes em Greene para que fôssemos presenteados com uma obra tão curiosa e inquietante.

UM LOBO SOLITÁRIO | Graham Greene

Editora: Biblioteca Azul;
Tradução: Julieta Leite;
Tamanho: 221 págs.;
Lançamento: Agosto, 2016.

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Tags: Biblioteca AzulBook ReviewCanal do PanamáCaribeCrítica LiteráriaditaduraGraham GreeneJulieta LeiteLiteraturaOmar TorrijosPanamáResenhaUm Lobo Solitário

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