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Em ‘Liberdade’, Jonathan Franzen discute a infelicidade ao estilo americano

'Liberdade', de Jonathan Franzen, supera seu antecessor por ir mais fundo na missão de retratar a vida americana em um momento de profunda crise.

porPaulo Camargo
26 de março de 2015
em Literatura
A A
Jonathan Franzen liberdade

O escritor Jonathan Franzen, autor de Liberdade e As Correções. Foto: Basso Cannarsa/LUZphoto

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Na superfície, Liberdade (Companhia das Letras, 605 págs.), romance do escritor norte-americano Jonathan Franzen, que em breve lança seu novo livro, Purity, aparenta ser uma saga familiar contemporânea de grande fôlego. De certa forma, não deixa de sê-lo. Mas, como toda obra de arte mais ambiciosa, o livro, saudado pela crítica literária nos Estados Unidos como um clássico instantâneo, um marco das letras do país no século 21, permite outras leituras, bem mais complexas.

Já no título, Franzen, que se autodefine com um autor politicamente engajado, embute um tanto de ironia. Num país que se vangloria de ser defensor da liberdade de expressão, dos valores democráticos, dentro e além de suas fronteiras, o romance conta a história de uma família encarcerada em seu destino, numa ordem social na qual, ao menos teoricamente, todos têm o direito de buscar sua felicidade onde ela estiver. Os personagens, no entanto, padecem miseravelmente, vítimas em parte de suas escolhas, mas também de modelos preestabelecidos, ideologicamente, de normalidade e bem-estar, gerações a fio.

A narrativa de Liberdade tem como foco aparente um triângulo amoroso. Patty, uma jovem da classe média alta da Costa Leste, sofre um estupro na adolescência e, sem encontrar o apoio esperado de seus pais, opta pela distância: vai estudar numa universidade em Minnessota, no mais conservador e pacato Meio-Oeste. Lá, ela conhece e se apaixona por Richard Katz, um charmoso aspirante a roqueiro, rebelde e instável. Entretanto, a atração, embora mútua, não se consuma, e a moça escolhe casar com o melhor amigo de Richard, Walter Berglund, um estudante de Direito caxias, engajado em causas sociais e ecológicas. O jovem, espécie de antítese do amigo, proporciona a Patty o que ela pensa necessitar: estabilidade.

O romance conta a história de uma família encarcerada em seu destino, numa ordem social na qual, ao menos teoricamente, todos têm o direito de buscar sua felicidade onde ela estiver.

Tudo isso ocorre no fim dos anos 70, em plena Era Reagan, de quem Walter é firme opositor.

Passadas duas décadas, Patty e Walter aparentam ter construído uma vida perfeita: têm uma bela casa suburbana, ampla e confortável, um casal de filhos bonitos e inteligentes, e acreditam estar entre os últimos americanos conscientes e críticos num momento de intensa perplexidade, dias nos quais expressões como “o eixo do mal” e “guerra contra o terror” começam a se tornar correntes nos discursos políticos mais conservadores e no noticiário do pós-11 de Setembro.

Mas, como de perto ninguém é normal, os Berglund não são felizes. Patty, que no passado foi uma promissora jogadora de basquete mas jamais teve grandes pretensões profissionais, agora é uma dona de casa frustrada e alcoólatra. Secretamente, ela ainda alimenta sua paixão não consumada por Richard. Walter, por sua vez, acaba por embarcar em um projeto duvidoso de preservação de uma ave nacional em extinção, a mariquita-azul, orquestrado e parcialmente patrocinado (quem diria!) por um republicano.

Protegido por Patty e fonte de enorme frustração de Walter, o filho do casal, Joey, não poderia ser mais diferente do pai. É ambicioso, individualista e tem poucos escrúpulos. Enfim, encarna o que, para o patriarca dos Berglund, existe de pior nos Estados Unidos. A filha, Jessica, que tem uma relação tensa e distante com a mãe, prefere se manter a distância, decidindo por estudar numa universidade longe da família.

Em meio a tudo isso, o agora astro do rock Richard, amado tanto por Patty quanto por Walter, de maneiras diferentes mas com semelhantes intensidades, ressurge em suas vidas na qualidade de gota d’água que faz o copo Berglund transbordar. Quando ele e Patty finalmente consumam o desejo há muito reprimido, e aos poucos Walter percebe que sua vida familar e seus ideais políticos são frágeis castelos de cartas, tudo parece fadado à ruína, o que não seria, necessariamente, um desfecho infeliz, caso servisse como ponto de partida para um recomeço mais honesto e livre das amarras impostas pelas forças sociais.

Mais linear e conservador na forma do que As Correções (2001), vencedor do National Book Award e também construído em torno do desmoronamento de uma família quase arquetípica, Liberdade supera seu antecessor por ir mais fundo na missão de retratar a vida americana em um momento de profunda crise, tanto no âmbito público quanto entre quatro paredes.

LIBERDADE | Jonathan Franzen

Editora: Companhia das Letras;
Tradução: Sergio Flaksman;
Tamanho: 608 página;
Lançamento: Junho, 2012.

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Tags: As CorreçõesBook ReviewCompanhia das LetrasCrítica LiteráriaJonathan FranzenLiberdadeLiteraturanarrativaNational Book AwardPurityResenha

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