Enormes cortinas, vermelhas e aveludadas escondem de início os mistérios de Circonjecturas. Por trás delas, ressoa uma música quase cósmica, hipnotizando o público para a entrada no local – que, não por caso, já é uma instalação.
Um corredor de luzes e obras cinéticas encanta os visitantes, que até o momento não sabem que serão ainda mais arrebatados com o conjunto da obra de Rafael Silveira. Variada em elementos surrealistas, old school e lúdicos, a exposição oferece uma experiência sensorial e interativa.
A mostra é resultado de uma década de intensa produção em diversas disciplinas artísticas. Entre instalações, pinturas a óleo, esculturas, gravuras, desenhos e bordados, Rafael se prova um artista completo – e não é sabendo de tudo um pouco, mas sabendo muito de tudo. “Eu não me enxergo como parte de nenhuma cena ou movimento. Minha obra não é purista, ela transita, circula, flutua entre movimentos e disciplinas”, me revelou.
De fato, ao caminhar pela cuidadosa curadoria e ambientação da primeira exposição do curitibano no Museu Oscar Niemeyer, degusta-se diferentes fases de seu trabalho, onde é quase impossível escolher uma obra específica como favorita.
Rafael me explica que o nome que carrega a exposição, Circonjecturas, é de sua autoria. Surgiu da união das palavras circo – no sentido de palco, espetáculo, representação exagerada – e de conjecturas, em referência ao mundo das ideias, das infinitas hipóteses.
A licença poética não poderia se provar mais adequada, visto que na definição do próprio artista, suas obras são “alegorias, um conjunto de metáforas que unidas constroem uma narrativa”. Desta feita, seria quase criminosa uma visita rápida à exposição, que é tão rica em detalhes e pormenores.
Mostra é resultado de uma década de intensa produção em diversas disciplinas artísticas.
Como exemplo do trabalho meticuloso do artista temos suas molduras: entalhadas pelo próprio em madeira, tornam-se verdadeiras obras de arte por si mesmas, além de esculturas complementares às pinturas.
Como dita a fluidez de cenas e movimentos artísticos presentes em Circonjecturas, algumas carregam uma singularidade das molduras clássicas mescladas a elementos contemporâneos, enquanto outras trazem elementos sci-fi e old school, remetendo aos filmes de batalhas intergaláticas dos anos 80.
Além disso, elementos interativos como um gigante sorvete no meio do salão, que “derretido” convida os visitantes a se esparramarem por toda sua extensão, fazem da exposição um lugar interessante para públicos de todas as idades.
Seria, portanto, inadequado fazer um convite ao leitor para uma ida à Circonjecturas: na verdade, faz-se aqui um apelo, uma convocação. Esta breve análise em nada se compara com as obras ao vivo e a cores. No mais, não é sempre que temos a oportunidade de ver artistas locais alçando vôos cada vez mais altos. Imperdível.
SERVIÇO | ‘Circonjecturas’, por Rafael Silveira
Onde: Museu Oscar Niemeyer | R. Mal. Hermes, 999 – Centro Cívico;
Quando: De 11 de maio a 6 de agosto, terça a domingo, das 10h às 18h;
Quanto: R$ 16,00 (inteira) e R$ 8,00 (meia-entrada) | Quartas com entrada franca. Primeira quinta do mês, horário estendido até às 20h, com entrada gratuita após as 18h. Maiores de 60 e menores de 12 anos têm entrada franca.
Mais informações: MON – site oficial
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