Renata Pollottini traz em seu livro, Introdução à Dramaturgia (Editora Ática, 1988), uma apresentação e uma discussão sobre a ação dramática e conflito de um texto teatral, observada e defendida por dois filósofos: Aristóteles e Hegel. Na introdução do livro, as ideias dos filósofos entram no embate das ações dramáticas dos personagens; Aristóteles retoma um assunto sobre a dificuldade da ação dramática que percorre na linha de início, meio e fim de um texto teatral ou espetáculo.
A partir da dificuldade sobre a ação dramática apresentada por Aristóteles, sua observação se inicia na tragédia como forma de “imitação da ação”, que é dela que a movimentação das ações humanas pode se dar, fechando o conjunto do inicio, meio e fim de uma ação. Possibilitando ao público a observação e um entendimento de um texto dramático a partir da ficção, da ação dramática da personagem, como afirma o poeta Antonio Sebastiano (Minturno): “Poesia dramática é a imitação, para ser apresentada no teatro, de fatos completos e perfeitos quanto à forma e circunscritos na sua extensão. Sua forma não é de narração, ela apresenta em cena pessoas diversas, que agem e conversam”.
Outros autores vão entrar na discussão do que é ação; ressaltando ideias, defendendo, criando dúvidas sobre a “intenção” como indutor da ação. Refletidas no agir, na vontade humana extraída de dentro para fora, complementando a intenção que levou a ação. Tal posição é colocada pelo dramaturgo inglês John Dryden, que fala sobre a tragédia que se dá nas ações humanas.
Seja na poesia dramática, no drama ou na ação, o indivíduo dramático recolherá os frutos dos próprios atos e desses atos surgirão outros conflitos, ações, até entrar numa colisão, e dessa colisão algo nascerá.
O livro passa as seguintes informações sobre a dificuldade da ação dramática. Hegel, por exemplo, vai confirmar que a vontade interior das personagens sempre será consciente de que a ação dramática resulta do conflito, de que a ação dramática provém da execução de uma vontade humana, seja consciente; colocando a liberdade e responsabilidade nessa ação.
Os argumentos concretos de Renata sobre a dramaturgia deixam evidente sua ideia a partir da narração, se encaixotando na ação do diálogo. Seja na poesia dramática, no drama ou na ação, o indivíduo dramático recolherá os frutos dos próprios atos e desses atos surgirão outros conflitos, ações, até entrar numa colisão, e dessa colisão algo nascerá.
Nessa linha de pensamento, temos a intenção que levou à ação e desenvolveu outras até chegar ao fim (desenlace). Apenas nesse conjunto teremos uma unidade de ação. Renata Pallottini traz no texto argumentos que esclarecem a “dinâmica do conflito”, que é dele o mote principal para a ação crescer. Não podendo ser estático, intensificando-se, aumentando, para vir a resolver. Isso se intitula como progressão dramática: “Assim, portanto, parece bastante claro que, para Hegel, ação dramática é o movimento interno do drama, movimento esse que se produz a partir das personagens livres, conscientes, responsáveis, que têm vontade e podem dispor dela, que conhecem seus objetivos e os perseguem através de um todo que inclui outras vontades e outros objetivos colidentes com os primeiros”.
Logo à frente teremos Schelegel, afirmando que a ação é o verdadeiro prazer da vida, que é dela que o teatro tira sentimentos, ações, embates para modificar uns aos outros. Brunetière diz que os acontecimentos (romance) sucedem a respeito das vontades. Já no drama são as vontades dos personagens que conduzem a ação. Temos aí um embate entre romance e drama.
É dentro da abordagem da ação dramática que o texto vai levantar questões, defender argumentos, citar elementos para construção da afirmação de ações e mostrar através do teatro como podemos entender melhor. Mostrando o crescimento da crise, pequenos conflitos que se dão no texto para o englobamento e o ápice final.