Quebrando um silêncio de quatro anos, o mais longo hiato da carreira do The National, a banda lançou oficialmente nesta sexta-feira (08) seu aguardado último trabalho: o disco Sleep Well Beast, lançado pelo selo 4AD, vem a público como [highlight color=”yellow”]a produção mais radical do grupo[/highlight]. Ao longo dos anos, o The National aprimorou uma discografia bastante consistente, mas Sleep Well Beast é, provavelmente, sua jogada mais brilhante em termos de estilo e letras.
Na terça-feira passada (05), cerca de 1.200 pessoas tiveram a honra de ver e ouvir o álbum na íntegra e seu funcionamento ao vivo na cidade de Filadélfia (EUA). Segundo a crítica da NPR Music, que disponibilizou em seu site o registro em áudio do show, o público testemunhou uma performance extraordinária dos artistas, impecáveis. Você pode conferir este primeiro registro ao vivo do novo disco neste link , ou aguardar a vinda da banda ao Brasil no ano que vem, integrando o line-up do festival Lollapalooza 2018.
Definitivamente não é um álbum feliz, apesar de ser articulado por um casal feliz, falando sobre suas próprias lutas diárias e, consequentemente, sobre casais infelizes.
As incursões do guitarrista Bryce Dessner na composição da trilha de O Regresso (Alejandro González Iñarritu, 2015) certamente resultaram em algumas influências nas novas faixas, que começam com uma batida vagamente eletrônica, crescente, enquanto liricamente Matt Berninger opta por um estilo mais oblíquo, insondável, refutando os versos mais poéticos de álbuns anteriores e apostando em letras contundentes e duras, pintando uma ruptura dolorosa de um matrimônio que pode penetrar melhor nos nossos pensamentos do que qualquer terapia. As músicas falam de desafios nos relacionamentos, mas principalmente de casamentos que se desfazem.
O mais interessante dessas letras é que elas foram compostas por Berninger em um trabalho conjunto com sua esposa, Carin Besser, com quem o músico está “felizmente casado”. Mas, segundo ele, o casamento é um desafio difícil e diário, e o ato de compor as letras juntamente com Carin serviu como o inverso de um modelo comum na condução das relações amorosas que tendem ao fim: este é um esquema detalhado sobre o que acontecerá com seus relacionamentos se os casais não agirem no presente, evitando a chegada dos problemas que desaguam em términos e traumas. [highlight color=”yellow”]Definitivamente não é um álbum feliz, apesar de ser articulado por um casal feliz[/highlight], falando sobre suas próprias lutas diárias e, consequentemente, sobre casais infelizes.
Nós podemos pensar que um disco sobre términos tende a imergir em canções melancólicas e dramáticas ou que gostam de chutar o amor para uma sarjeta qualquer, num tom de “eu não preciso de nenhum homem/mulher”. Ambas ideias redutoras. Sleep Well Beast busca um terceiro olhar sobre o fim do amor, e oferece uma medicação auditiva. Envolve olhar e falar propriamente sobre o que deu errado, envolve a permissão de arrependimentos, envolve o diálogo, envolve a ideia de seguir em frente. Tudo isso alcançando todos os nervos do seu corpo no melhor estilo de “desconforto confortável” das melodias que fazem o The National ser [highlight color=”yellow”]uma das melhores e mais profundas bandas da cena alternativa das últimas décadas[/highlight].