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‘Pajubá’: estreia de Linn da Quebrada é um disco de afrontamento

porRenan Guerra
16 de outubro de 2017
em Música
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Da primeira vez que escrevi sobre a Linn da Quebrada, lá no Scream & Yell, falei que ela “não busca ser palatável, nem faz concessões para o público, seu trabalho é ser afrontosa mesmo” e esse afrontamento é levado ainda mais além em seu disco de estréia, Pajubá.

[highlight color=”yellow”]Pajubá é um espaço de resistência histórica[/highlight]: linguagem construída a partir da inserção de palavras vindas de países da África Ocidental, era utilizado por praticantes de religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé. Com o tempo, tornou-se parte do universo das travestis e da comunidade TLGB (essa inversão da sigla, geralmente escrita LGBT, é uma opção em busca de visibilidade de Linn).

Nada melhor que esse título para resumir o trabalho de Linn da Quebrada, que é quase como identificar, explorar e construir esse espaço para as trans e as bixas pretas, que sempre estiveram à margem, construindo sua linguagem e sua existência de forma distinta, na raça.

O disco é direto, sem papas na língua e sem qualquer higienização para agradar o mundo hétero.

Linn cresceu nas periferias do interior de São Paulo e foi criada pela mãe sob os preceitos das Testemunhas de Jeová, mas encontrou na música e na arte a sua vocação para expressar-se enquanto bixa preta, contando a sua realidade e a de tantas outras. Inicialmente com o prefixo MC, Linn da Quebrada já assumiu espaços amplos de fala, porém [highlight color=”yellow”]seu disco de estreia é como um pé na porta para ir ainda além.[/highlight]

Construído através de [tie_tooltip text=”Financiamento coletivo.” gravity=”n”]crowndfunding[/tie_tooltip], Pajubá sustenta-se na liberdade de Linn e de sua ‘gayng’. Como dito no início desse texto, não há concessões: o disco é direto, sem papas na língua e sem qualquer higienização para agradar o mundo hétero. Linn da Quebrada consegue descrever o universo homossexual de forma certeira, sem medo dos julgamentos, com a coragem de uma bixa preta que já enfrenta o mundo de cabeça erguida & bunda empinada todo dia.

Linn da Quebrada, Pajubá
Linn da Quebrada. Foto: Nu Abe.

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A sexualidade intensa, o dedo no cu e a gritaria são formas de expressão naturais para Linn, por isso mesmo ela precisava de um universo sonoro que sustentasse esse furacão. O funk é o ponto de partida, mas Pajubá expande e coloca ainda mais peso nisso tudo, especialmente pela direção musical da produtora paulista BadSista, ao lado dos produtores Nelson D, Carlos NuneZ, Vincenzo e Diego Sants, responsável também pela mixagem.

Acompanhada da bafônica Jup do Bairro, do percussionista Valentino Valentino e do DJ Pininga, Linn da Quebrada dá novo fôlego às faixas já conhecidas, com arranjos distintos e mais explorações vocais. Além disso, Pajubá conta com a participação de Liniker Barros (backing na pesada “Bomba pra caralho” e dueto em “Serei A”), Gloria Groove (na nova versão de “Necomancia”) e Mulher Pepita (na afrontosa “Dedo Nocué”).

Africana, latina, preta, de sonoridades múltiplas, Linn constrói sua própria poética, baseada em neologismos, em jogos de palavras, em ironias e deboches que tomam para si as rédeas de seu corpo e de sua liberdade. Mais que a sexualidade livre, [highlight color=”yellow”]há no disco também uma violência cruel[/highlight], que vilipendia a tantos cotidianamente e que é retratada em faixas como “Bomba Pra Caralho” e na maravilhosa “Bixa Travesty”.

Linn da Quebrada explica suas intenções: “minha música é o jeito que encontrei para sustentar em mim a força desse feminino e ao mesmo tempo provocar um novo imaginário e novas potências para corpos feminilizados. Estivemos sempre de joelhos dobrados nessa sociedade, senão diante da oração, da ereção. Em Pajubá eu refaço tudo isso: tiro o macho do centro e dou o foco total aos corpos de essência feminina e a seus desejos”.

Batidão pesado e letras bem explícitas fazem de Pajubá um disco de resistência, que não busca agradar os machos e as Amélias. Se você é da linha moral familiar, MBL ou carola nível Amorzinho e Cinira, é melhor passar bem longe dessas cantigas.

Pajubá é bate bunda forte, pra dançar sem ressalvas, é um disco pra se jogar de cabeça, de arrepiar os cabelos do cu e acabar com qualquer ranço de preconceito. Este é um disco que já nasce fundamental para a comunidade TLGB brasileira, pela coragem e ousadia de não baixar a cabeça para aqueles que querem silenciar a nossa existência. Longa vida à Linn da Quebrada e que seu pajubá ecoe bem alto.

Ouça ‘Pajubá’ na íntegra no Spotify

link para a página do facebook do portal de jornalismo cultural a escotilha

Tags: BadSistaCrítica MusicalfunkGloria GrooveJup do BairroLGBTLinikerLinn da QuebradaMulher PepitaMúsicaPajubáResenhaValentino Valentino

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