O produtor Roger Corman, consciente de que não poderia criar os efeitos visuais de Jurassic Park (1993), aproveitou o sucesso do filme de Steven Spielberg para lançar uma criativa fita de horror com tiranossauros e velociraptors. Dirigido por Adam Simon e Darren Moloney, Carnossauro (1993) mostrava uma cidade sob um sanguinolento ataque dos répteis jurássicos, com direito a entranhas espalhadas pela tela e muitos membros decepados.
Enquanto fita de exploração, os longas-metragens da série Carnosauro apostavam que o público poderia interessado em ver apenas o horrível da obra original. Por isso, a atenção era mais voltada para as mortes do que para os dinossauros animatrônicos, que sempre foram bem risíveis. Posteriormente, o próprio Spielberg se mostrou interessado em trabalhar essa natureza de filme de monstro da franquia em O Mundo Perdido: Jurassic Park (1997).
O novo capítulo da franquia Jurassic Park tem muitos problemas, mas isso não o deixa menos divertido.
Mais de duas décadas depois, Jurassic World: Reino Ameaçado (2018) chega aos cinemas estabelecendo um diálogo indireto entre o filme de exploração produzido por Corman e o primeiro Jurassic Park. No longa do diretor J.A. Bayona, um empresário decide tirar os animais do parque para poder vendê-los e explorar seu DNA num laboratório secreto de um castelo isolado na floresta.
Se a trama não dá pistas de que se trata de uma fita de horror de exploração, talvez a preferência por vilões caricatos, mortes criativas e metáforas rasas sobre bioética pode ajudar. Bayona não tem a pretensão de tentar emular o impacto visual do primeiro filme – nem tenta ser demasiadamente culto ao dizer o óbvio quando comenta que o imaginário jurássico é uma banalidade no mundo contemporâneo (leia mais). Só por isso, Reino Ameaçado é bem melhor do que Jurassic World (2015), de Colin Trevorrow.
O novo capítulo da franquia Jurassic Park tem muitos problemas – como qualquer produção com potencial para passar no Syfy Channel que ganhou um orçamento maior do que devia -, mas isso não o deixa menos recreativo. Pessoalmente, o que mais me incomoda é o apego de Bayona aos personagens e eventos do filme anterior. Parte da trama parece querer deixar tudo para trás (usando um vulcão) e criar um universo novo, com mais sangue e pessoas fugindo de dinossauros carnívoros. Exatamente como fez Corman quando lançou o divertidíssimo Carnossauro 2 (1995).