Banal, mas intenso. Assim é possível definir Boyhood: da Infância à Juventude (2014), do diretor Richard Linklater. Banal, porque mostra, pura e simplesmente, o cotidiano de alguns personagens deslizando pela tela no decorrer de um intervalo de doze anos. Intenso, porque o efeito que isso pode provocar no espectador é arrebatador.
O projeto nasceu arrojado: levou doze anos para ficar pronto, contando com o trabalho dos mesmos atores. A cada ano, o elenco principal era reunido, as câmeras ligadas e o diretor dava o comando de “ação”. A iniciativa é arriscada porque, caso algum integrante do elenco morresse, por exemplo, todo o plano ficaria consideravelmente comprometido.
O objetivo do projeto era filmar o passar dos dias de uma família, a simplicidade da vida, o imenso conjunto de pequenos momentos que, reunidos, dão forma à trajetória de cada um. Não espere grandes pontos culminantes. Não espere um arco dramático com transformações grandiosas no percurso de cada um dos personagens. Boyhood: da Infância à Juventude é quase um documentário do tipo “deixe a câmera ligada e capte o que acontece”. Há um roteiro, sim, mas a impressão que fica é a de que ele não existe.
O projeto nasceu arrojado: levou doze anos para ficar pronto, contando com o trabalho dos mesmos atores. A cada ano, o elenco principal era reunido, as câmeras ligadas e o diretor dava o comando de ‘ação’. O objetivo era filmar o passar dos dias de uma família, a simplicidade da vida.
A família de protagonistas é centrada em Mason, interpretado por Ellar Coltrane, que tinha seis anos quando as filmagens tiveram início. O filme exibe seu dia a dia ao lado da irmã mais velha, Samantha, vivida por Lorelei Linklater, e da mãe, interpretada por Patricia Arquette, que luta para criá-los sozinha.
Quem também aparece na história é o ex-marido, interpretado por um ator bastante requisitado por Richard Linklater: Ethan Hawke. Juntos, eles fizeram a trilogia Antes do Amanhecer, Antes do Pôr-do-Sol e Antes da Meia-Noite.
Não raras vezes, o espectador pode pegar-se pensando se não há excesso de banalidades e da própria duração do filme. Os minutos finais, no entanto, são fortemente expressivos em sua tarefa de concretizar um arremate geral e lançar uma mensagem que, atualmente, é até trivial. Mas a forma como o projeto lança essa mensagem faz com que ela chegue quase como um soco no estômago, um tapa na cara. A obra cumpre sua missão, enfim.
Ver personagens (e atores) envelhecendo diante da câmera pode provocar um efeito intenso no espectador sobre a vida que passa, o tempo que não volta, o presente que se vai tão de repente. Afinal, quem está na poltrona acompanha doze anos (!) de algumas pessoas concentrados em 2h40. Com seu arrojo, inovação, realismo e resultado final, Boyhood: da Infância à Juventude é um marco na história do cinema.
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