O ator neozelandês Russell Crowe decidiu que era chegado o momento de dar um passo adiante. Aos 51 anos, estreou como diretor à frente do longa-metragem Promessas de Guerra.
O longa, inspirado em uma história real e adaptado do livro The Water Diviner, de Andrew Anastasios e Meaghan Wilson-Anastasios, tem como roteiristas o próprio Andrew e seu xará, Andrew Knight.
Promessas de Guerra, que se passa em 1919, logo após o final da Primeira Guerra Mundial, narra a história de Joshua Connor (Russell Crowe), um fazendeiro australiano que vê seus três filhos desaparecerem após a batalha de Galípoli, no até então Império Otomano (atual Turquia), um dos conflitos mais sangrentos da Primeira Guerra.
Connor vive em culpa pelo sumiço dos filhos, que se torna ainda maior quando sua esposa, Eliza (interpretada pela também australiana Jacqueline McKenzie), fragilizada emocional e psicologicamente por não saber lidar com a ausência deles, comete suicídio.
Joshua então decide viajar até o Império Otomano, ocupado pelos ingleses e vivendo período de grande tensão com os gregos, em busca de qualquer notícia à respeito dos filhos. A partir deste momento, acompanhamos sua jornada em terras turcas, enquanto ele vai, pouco a pouco, criando laços com personagens locais, aprendendo sobre a cultura e costumes e, para não fugir aos clichês do gênero, desenvolvendo um romance.
Russell Crowe consegue de certa maneira subverter o gênero. O longa não é apenas uma saga de soldados, bombas e tanques de guerra.
Em alguns momentos o longa acaba apelando para o sentimentalismo, típico de adaptações de temáticas bélicas. A amizade do personagem de Russell Crowe com o major Hasan (Yilmaz Erdogan em boa atuação), também soa um pouco exagerada. Mesmo o romance que vai sendo desenhado com Ayshe (Olga Kurylenko) parece artificial, deslocado na trama. Entretanto, talvez seja um problema muito maior do roteiro do que uma falha na direção.
Mesmo que Promessas de Guerra não seja primoroso, e não o é, Russell Crowe consegue de certa maneira subverter o gênero. O longa não é apenas uma saga de soldados, bombas e tanques de guerra. A maior virtude reside justamente no olhar de Crowe como diretor, tornando o filme um intenso relato sobre a estupidez e a futilidade da guerra, e não o heroísmo dos que dela participam.
O título original, The Water Diviner, refere-se ao dom que Connor possui de encontrar água sob a terra seca, elemento simbólico que sabiamente o diretor não enfatiza. Crowe preferiu abordar os horrores da guerra e suas consequentes perdas inconsoláveis, e tudo sem arremessar nenhum projétil. Só por isso, já é digno de sua audiência.
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