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‘As coisas’: quando as diferenças nos tornam iguais

Livro de estreia de Tobias Carvalho, 'As coisas' se debruça sobre o cotidiano e os relacionamentos de homens gays com naturalidade e inteligência.

porJonatan Silva
26 de junho de 2019
em Literatura
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'As coisas': quando as diferenças nos tornam iguais

Imagem: Reprodução.

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No final do século XIX, Oscar Wilde foi preso – condenado a dois anos de trabalhos forçados – pela sua conduta imoral ao lado de outros homens, dentre eles o lorde Alfred Douglas, cujo pai – o Marquês de Queensberry, conhecido não apenas pela ruína do dramaturgo irlandês, mas também por ser um dos criadores das regras do boxe – usou o romance O Retrato de Dorian Gray como prova das práticas homossexuais do escritor. O crime, por sinal, só deixou de ser tipificado na Inglaterra entre as décadas de 1970 e 1980, muito embora a Dama de Ferro, Margaret Thatcher, tenha se esforçado o quanto pode para que homens e mulheres alheio à heteronormatividade voltassem a cair sob o peso da lei.

Dizer que a questão – tanto literária quanto social – está melhor resolvida, em 2019, é ingenuidade, para dizer o mínimo. Os contos que formam As coisas, livro de estreia de Tobias Carvalho e com o qual ganhou o Prêmio Sesc de 2018, formulam uma espécie de jogo de espelho entre as pequenas narrativas cotidianas dos jovens em busca de uma fuga, companhia ou simplesmente sexo. Os textos refletem os perigos, medos e angústias que brotam do mero sair de casa e dos complexos fios que compõem a trama social e familiar dos personagens.

Carvalho não esconde as peripécias sexuais de suas histórias atrás de metáforas e não espera do leitor uma colcha de silogismos baratos. Não existem maquiagens ou escapes. Tudo é direto como pede a era do WhatsApp e do Grindr – um dos contos, por sinal, é escrito como se fosse uma conversa por mensagens de texto. A estratégia não é nova – Jonathan Franzen, só para citar um exemplo, já havia usado a mesma formulação em Pureza –, mas se encaixa bem na construção narrativa ligeira que Carvalho concebe.

É possível que o grande pulo d’As Coisas esteja no tratamento realista às relações afetivas com um olhar firme e sensível, capaz de capturar as nuances que são inerentes a qualquer envolvimento amoroso.

Tratamento realista

As coisas é, como “Flamenco Sketches” de Miles Davis, variações sobre o mesmo tema. Em todos os relatos, os personagens precisam driblar as arquiteturas sociais que os prendem, em alguma medida, àquilo que se espera de homem de classe média e branco. Talvez, e isso não fica exatamente claro, seja o mesmo sujeito a percorrer diferentes bairros de Porto Alegre sempre à caça de algo parecido. Tal simetria – o resultado da rotina a que estamos presos – é o elo entre os 25 relatos. Isso, obviamente, pode funcionar a favor do livro – para um leitor que perceba a construção como uma unidade – ou contra – para aqueles que se dão melhor com conjuntos distintos.

Por outro lado, é possível que, a despeito de outros aspectos, o grande pulo d’As coisas esteja no tratamento realista às relações afetivas com um olhar firme e sensível, capaz de capturar as nuances que são inerentes a qualquer envolvimento amoroso.

Mesmo que não se proponha a ser uma análise dos enlaces contemporâneos, As coisas é, sem sombra de dúvida, um interessante periscópio de possibilidades e variantes. Em um momento em que se questiona a autenticidade do caráter humano de quem pensa diferente do outro, Tobias Carvalho coloca na berlinda o discurso do homem mediano, apresentando o diferente dentro de circunstâncias banais e corriqueiras, em outras palavras, normais.

AS COISAS | Tobias Carvalho

Editora: Record;
Tamanho: 144 págs.;
Lançamento: Outubro, 2018.

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Tags: As CoisasBook ReviewCríticaCrítica LiteráriaEditora RecordGrindrJonathan FranzenLiteraturaLiteratura brasileira contemporânealiteratura LGBTPrêmio SESCquarta-feiraResenhaTobias Carvalhowhatsapp

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