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Sofia Coppola não teme filmar o silêncio e o vazio no incômodo ‘Um Lugar Qualquer’

Vencedor do Leão de Ouro em Veneza, 'Em Algum Lugar' reafirma Sofia Coppola com uma autora cuja obra discute a solidão e o desconforto existencial.

porPaulo Camargo
8 de agosto de 2019
em Cinema
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Stephen Dorff e Elle Fanning são pai e filha no belo 'Um Lugar Qualquer'

Stephen Dorff e Elle Fanning são pai e filha no belo 'Um Lugar Qualquer'. Imagem: Divulgação.

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A cineasta Sofia Coppola é mestre em fazer filmes bonitos. Do deslumbre visual de Maria Antonieta (2006), aos contrastes de Tóquio em Encontros e Desencontros (2003), é impossível não se render ao rigor estético da cineasta. Um Lugar Qualquer (2010), seu quarto longa-metragem, não foge a essa regra, mas, como toda sua filmografia, também incomoda – e muito. Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza, é tão singular e sincero que suas imagens podem seguir o espectador por horas, o assombrando, o encantando.

Exímia roteirista, Sofia narra a jornada entediante de desencanto pela vida de alguém supostamente muito especial: Johnny Marco (Stephen Dorff, de Blade: O Caçador de Vampiros), um astro de Hollywood. O ator, popular, adulado pela indústria e cortejado pelas mulheres, é retratado como um homem comum, que parece refém da própria fama. Como o personagem diz a um ator iniciante numa festa, ele nunca estudou arte dramática, não tem método de interpretação, apenas um ótimo agente que lhe colocou nos trilhos da fama.

Na sequência inicial de Um Lugar Qualquer, vê-se uma Ferrari preta, dando voltas e voltas em um circuito automobilístico. Ouve-se apenas o som do motor do carro que se aproxima e se distancia da câmera. Só isso. Por duas, três voltas. É Johnny que está no volante e as imagens parecem resumir a vida do ator: alta velocidade e nenhum destino, apenas uma repetição estéril.

Vivido com total entrega por Dorff, que, numa atuação sem tiques, naturalista, parece ser o personagem e não interpretá-lo, Johnny se debate no tédio. Sua rotina é feita de encontros sexuais com várias mulheres, bebedeiras que não chegam a qualificá-lo como dependente do álcool e uma série de compromissos profissionais, como entrevistas coletivas, provas de maquiagem e encontros com produtores, que só reforçam a ideia de repetição, da mesmice. Estranho, em se tratando da tão glamourizada vida em Hollywood.

Acontece que Sofia nasceu e cresceu nesse mundo e sabe muito bem que seus habitantes, por mais talentosos que possam aparentar ser, não são semideuses. Pelo contrário: o fato de, no fundo, serem pessoas comuns submetidas a uma engrenagem que insiste em lhes dar tudo e satisfazer todos os desejos, os aproxima ainda mais do patético, quando não do meramente pueril Johnny, por vezes, parece um adolescente.

Acontece que Sofia nasceu e cresceu nesse mundo e sabe muito bem que seus habitantes, por mais talentosos que possam aparentar ser, não são semideuses.

Sua rotina apenas se altera quando Cleo (Elle Fanning, de Malévola), sua filha de 11 anos, vai passar alguns dias com ele no hotel em forma de castelo enquanto a mãe da garota atravessa uma crise e “precisa de um tempo”. O convívio com a filha, sobre quem não sabe quase nada apesar de amá-la, muda a rotina de Johnny, dando-lhe algum sentido. O ator não chega a alterar sua rotina por causa da filha, mas, ao inseri-la em seu tédio, tudo começa a ganhar sentido, colorido.

A delicadeza e a sensibilidade autoral de Sofia chegam ao ápice quando pai e filha vão juntos a Milão, onde Johnny lança um filme e recebe um prêmio numa cerimônia televisionada absurda, felliniana (a semelhança de Um Lugar Qualquer com La Dolce Vita não é acidental). Talvez a diretora tenha vivido ao lado do pai, o cineasta Francis Ford Coppola, situações parecidas. Não se sabe. Mas é tocante, e, acima de tudo, tão verdadeiro, perceber como Johnny e Cleo conquistam, pouco a pouco, a cumplicidade que nunca tiveram antes. Ainda que mais uma vez num quarto de hotel.

Depois de As Virgens Suicidas e Maria Antonieta, Sofia reafirma em Um Lugar Qualquer ser uma autora e não uma simples diretora. Interessa-se pela solidão, pelo desconforto existencial. Sua ternura pelos personagens que cria, ou reinventa (no caso da rainha Maria Antonieta, da França), no entanto, faz imensa diferença. Ao contrário de muitos de seus compatriotas, a cineasta não teme filmar o silêncio, o vazio, a inação. Sua câmera perscruta, incomoda. Ela é um Antonioni reencarnado.

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