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‘Onde vivem os monstros’ e a jornada emocional da criança

'Onde vivem os monstros' retrata a infância com a complexidade que ela merece, afinal, as crianças precisam ser guiadas nas tortuosas viagens às terras onde encontrarão seus monstros.

porTaiana Bubniak
3 de abril de 2020
em Maternamente
A A
Ilustração de 'Onde vivem os monstros'

As imagens de 'Onde vivem os monstros' mudam de tamanho no decorrer das páginas, indicando se o garoto está mais perto dos monstros ou não. Imagem: Reprodução.

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Em Onde Vivem os Monstros, a infância é retratada de forma complexa. A obra fala do inconsciente, do emocional da criança, simbolizado da maneira intrincada e profunda que realmente é. As crianças, por anos, na história da sociedade como a conhecemos, foram subjugadas. Suas vontades, seus instintos, seus desejos… por muito tempo foram tratados como desprezíveis.

O livro, escrito e ilustrado por Maurice Sendak, foi originalmente lançado em 1963. É, até hoje, considerado um marco na literatura infantil, pois foi a primeira obra que tratou a criança como um ser humano complexo. O período de lançamento da obra, em plena Guerra Fria, coincide com uma época em que as dinâmicas familiares também começavam a mudar. Foi apenas nas últimas décadas as crianças foram “descobertas” como indivíduos; com vontade próprias e autonomia, ainda que tão dependentes.

A obra foi lançada no Brasil pela Cosac Naify, em 2009, mesmo ano do lançamento do filme baseado na história. O menino Max, protagonista da obra, é um garoto levado, rebelde. De castigo por desobedecer a mãe, ele vai para o quarto e lá inicia uma viagem por um universo desconhecido, fantasioso, onde vivem os monstros. Ele se encontra com eles, se entende e faz até uma festa. Depois, decide voltar e retorna a longa jornada até seu quarto.

O livro pode ser lido em 2 minutos. Mas a conformação da edição com imagens e texto que mudam de tamanho no decorrer da história, criam uma narrativa de forma única, envolvente. As ilustrações são primorosas.

O livro, escrito e ilustrado por Maurice Sendak, foi originalmente lançado em 1963. É, até hoje, considerado um marco na literatura infantil, pois foi a primeira obra que tratou a criança como um ser humano complexo.

Conheci a história, metafórica e impressionante pela mensagem que passa em poucas palavras, muito antes de imaginar que um dia seria mãe. Agora, acompanhando de perto o crescimento de dois pequenos seres humanos, percebo a importância de ensiná-los a dialogar com os próprios monstros. Embora não tenha apresentado o livro a elas, sempre me refiro àquele enredo.

Lembro que, quando minha filha mais nova nasceu, a mais velha tinha quase 2 anos. Eu detestava que as pessoas falassem que ela ia ter “ciúme” da irmãzinha. Tanto que meio que proibi essa palavra. Achava que falar sobre ciúme só ia, de fato, gerar mais ciúme. Quando a irmã caçula nasceu e tudo parecia maravilhoso eu, secretamente, pensava: “viu como ninguém precisava ter enchido a cabeça da criança falando de ciúme? Ela está bem!”.

A minha ilusão durou 15 dias, quando a mais velha se deu conta que aquele bebezinho não era um brinquedo que poderíamos deixar de lado. Começaram as crises de choro, o comportamento violento e eu não sabia mais o que fazer. Uma amiga psicóloga me lembrou da obra e da necessidade de “visitar os nossos monstros”. No mesmo dia fiz o teste indicado. Quando começou o choro, sentei no chão e falei: “filha, o que você está sentindo é ciúme. Não é fácil. É um sentimento esquisito, que deixa a gente triste. Mas é normal e todo mundo sente às vezes”. Pode parecer história de pescador, mas ela parou de chorar, me abraçou e ficou muito mais tranquila depois daquela conversa. E, pasmem, ela tinha dois anos. Menina prodígio!? Não! Ela entendeu completamente a situação!? De maneira alguma. Mas ela foi acolhida na visita ao monstro e não achou que precisasse fugir daquele sentimento.

Hoje, as meninas tem 5 e 3 anos. Vejo que as “visitas aos monstros” ficam cada vez mais frequentes, cada vez mais complexas. E que, no cotidiano, muitas vezes eu ignoro, tento dar uma disfarçada para seguir em frente sem muita conversa. Mas esse caminho “mais rápido” para lidar com os sentimentos das crianças nunca é o mais efetivo.

Assim como Max na obra de Sendrak, as crianças também precisam fazer a longa viagem para entender que estão sentindo medo, raiva, tristeza, ciúme, saudade. E que está tudo bem sentir tudo isso. Grande parte dos sentimentos e ocasiões são novidades para os pequenos e eles, diferente dos adultos, não sabem lidar com as situações que se apresentam. Crianças não são meros acessórios ou brinquedos com controle remoto que obedecem ou param na hora que o “mundo adulto” acha que devem parar.

E aí podemos lembra daquelas situações clichê: a criança que chora no avião, que faz birra no supermercado… Pais e mães sabem que a resposta enérgica, nestas horas, não adianta de nada. É o início da viagem à terra dos monstros e o que podemos fazer é tentar ajudar as crianças nessa jornada. Mas a sociedade – em geral, composta por adultos que não foram acolhidos ou que ainda estão muito mal resolvidos com os seus próprios monstros – esperam que os pais sejam durões (não que não tenham que ser, em algumas situações muito seriamente específicas) sem imaginar que, assim, a viagem que vai selar a paz entre crianças e seus monstros fica cada vez mais tortuosa.

Serviço

Onde Vivem os Monstros foi lançado em 2009 pela Cosac Naify. Com o fechamento da editora, em 2015, nenhuma outra empresa obteve o aval do autor para publicar a obra. Por isso, atualmente, é muito difícil encontrar o livro e, nos sebos disponíveis, custa entre R$ 150 e R$ 200. Uma opção é ver a adaptação da obra para os cinemas: realizado por Spike Jonze, o filme é longo e apresenta diálogos extensos sobre infância e amadurecimento.

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Tags: AcolhimentoBirra No SupermercadoCinemacriançasCulpa MaternaEducação PositivainfânciaMaternidadeMaurice SendrakOnde Vivem os Monstrospais e filhospaternidade

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