Em 2013, quando Frozen virou sucesso de bilheteria (foi a animação com maior arrecadação da história), eu ainda não tinha filhas mas tinha uma opinião: considerava insuportável ver a temática em todo lugar e achava que aquela música “let it go, let it go” era estridente e cansativa. Óbvio que nunca havia assistido ao filme e julgava desconhecendo a história.
Tive minhas meninas e tentei, em vão, fugir do mainstream. Quando me dei conta que a luta era inglória e desnecessária, vi a animação junto com as meninas, na época disponível na Netflix. Chorei desmedidamente ao ver que a história quebra o esquema clássico dos contos de fadas e que o que salva as personagens é o amor entre irmãs. Hoje em dia sou uma entusiasta da trama e incentivo as pequenas fãs.
A trama, da Disney, conta a história das irmãs Anna e Elza. Órfãs, elas precisam lidar com a sucessão do reino do qual são herdeiras e com um poder mágico de criocinese da irmã mais velha. O filme fala de aceitação de si mesmo, autocontrole, aceitação do outro, confiança, amizade e amor fraternal.
Elza, a primogênita, detém o poder de transformar em gelo tudo o que toca e, numa explosão de sentimentos, não consegue controlar sua magia e foge. Só que deixa o rastro do seu descontrole, afetando todo o local onde mora com um rigoroso inverno fora de hora. Anna não mede esforços e enfrenta toda a variedade de adversidades para encontrar a irmã e tentar ajudá-la a se aceitar.
No fim da história, é um gesto ousado de Anna que faz com que irmã se dê conta que o amor fraternal ultrapassa qualquer barreira, pois ela se dispõe a dar a vida por Elza. E esse é o famoso “ato de amor verdadeiro” que finaliza a trama.
O enredo valoriza o amor entre irmãs e ainda mostra que o ideal de amor romântico – o convencional nos contos de fadas, quando o homem salvador liberta e/ou resgata a mocinha em apuros – pode ser enganador e desastroso.
Embora façam parte do time das “Princesas da Disney”, a trama agrada e deve ser exibida a meninos e meninas, pois trata de assuntos pertinentes ao convívio familiar e social. A franquia ganhou uma segunda edição, em janeiro deste ano. O segundo filme mostra o amadurecimento dos personagens e a saga por respostas sobre o passado da família das princesas. Também no segundo filme a força do amor entre amigos e familiares desponta como maior verdadeira e duradoura que o amor romântico. Nos dois filmes, além da história com fundo moral, há o alívio cômico feito principalmente pelos personagens Olaf, Kristoff e Sven, que garantem boas sacadas.
A história de Frozen é levemente baseada no conto clássico de Hans Christian Andersen, a “Rainha da Neve”. Neste conto, um pouco mais obscuro, uma rainha má sequestra um menino, que é salvo por sua melhor amiga. Em Fronzen, a história foi suavizada.
Em tempos de Covid-19
Há duas semanas, eu estava preocupada com a pandemia do entretenimento e das centenas de atividades lúdicas que circularam nos grupos de mães para entreter as crianças. Por sorte (ou azar), passadas algumas semanas e percebendo que não há como equilibrar trabalho, autocuidado e plena atenção às crianças sem perder as estribeiras, creio que pais de todo o mundo estão aceitando que haverá muito mais tevê e eletrônicos do que se quer e que está tudo bem.
Mas vale ressaltar duas alternativas interessantes para incentivar as leituras dos pequenos: o livro Amoras, do Emicida, e Vizinho, Vizinha, de Roger Mello, ambos da Companhia das Letrinhas, estão disponíveis para download gratuito na Amazon Brasil, Google Play, Kobobooks e Apple Books, ou ainda, no site da editora. A iniciativa Leia para Uma Criança, do Itaú Unibanco e Fundação Itaú Cultural, está distribuindo uma série de livros pelo WhatsApp. Basta enviar uma mensagem pelo aplicativo para o número (11) 98151-1078 e um robô interage com o interessado, que pode escolher entre alguns dos nove títulos disponíveis.