A estreia de O Parque dos Dinossauros (1993), de Steven Spielberg, colocou em movimento uma engrenagem importante para os filmes de monstros gigantes em Hollywood. Aquela era a primeira vez que grandes criaturas eram apresentadas com câmeras que se moviam, atribuindo uma aparência realista ainda inatingível por outras técnicas de efeitos visuais, como o stop motion ou o suitmation.
Não demorou para que a indústria partisse para atualizar clássicos desse subgênero com a tecnologia da computação gráfica. Na segunda metade da década de 1990, Roland Emmerich tirou do papel a emperrada versão estadunidense de Godzilla. Peter Jackson, antes de ir trabalhar na franquia O Senhor dos Anéis, trabalhou em um malfadado novo remake de King Kong – que só virou realidade depois do sucesso da trilogia adaptada de J.R.R. Tolkien.
A característica mais família do longa original foi incorporada à refilmagem, que amadureceu os temas da trama e abandonou o tom colonialista do original.
Sem querer perder o bonde da festa, a Walt Disney Studios decidiu tirar poeira de O Monstro de um Mundo Perdido (1949). Nascia, assim, Poderoso Joe (1998), longa-metragem dirigido por Ron Underwood, de O Ataque dos Vermes Malditos (1990). A característica mais família do longa original foi incorporada à refilmagem, que amadureceu os temas da trama e abandonou o tom colonialista do original – abraçando a mensagem ambientalista.
No enredo, Joe é um gorila-das-montanhas com uma forma rara de gigantismo. Ele é cuidado por uma zoóloga chamada Jill Young (Charlize Theron), que faz o que pode para mantê-lo em segredo. Quando um grupo de caçadores descobre o enorme primata, ela é convencida a levá-lo para uma reserva natural em Los Angeles por um pesquisador chamado Gregg O’Hara (Bill Paxton).
Assim como no clássico comandado por Ernest B. Schoedsack, o charme dessa nova versão são os efeitos visuais de última geração concebidos por Rick Baker. No lugar da animação em stop motion elaborada por Willis O’Brien e executada por Ray Harryhausen – que faz aqui uma pequena ponta no elenco – há uma mistura de suitmation, animatrônicos e computação gráfica. O resultado é de encher os olhos, mesmo para os padrões contemporâneos.
Embora a comparação entre os dois gorilas gigantes seja inevitável, Poderoso Joe nega diversos elementos de King Kong. O personagem do longa-metragem da Disney é mais cativante, divertido e preocupado com o bem-estar social. É um sujeito bom moço, que jamais destruiria Nova York em um ataque de fúria. É uma vítima quieta dos abusos que sofre, mais complacente com os humanos.
Logo, o filme de 1998 é mais fácil para o grande público. Ideal para quem quer iniciar no gênero ao lado da família.