No fim da década de 1960, o produtor Tomoyuki Tanaka e outros executivos dos estúdios Toho entenderam que o ciclo de filmes de monstros estava chegando ao fim. Depois de mais de uma década explorando o gênero de fitas kaiju, talvez fosse a hora de deixar Godzilla e seus companheiros gigantes descansarem. Mas não sem uma despedida.
O Despertar dos Monstros (1968) foi pensado para ser o último longa-metragem com o lagarto radioativo japonês. Também era a mais ambiciosa, pois os produtores queriam incluir todas criaturas que pudessem na trama, incluindo Rodan, Mothra, Baragon, Anguirus, Manda e Minilla. Até mesmo King Kong estava previsto originalmente, mas precisou ser excluído quando a licença para usar o personagem expirou.
A narrativa foi escrita por Takeshi Kimura, que assinou o texto de Frankenstein Contra o Mundo (1965), e de Ishirō Honda, que retornava como co-roteirista e diretor depois de três anos longe da franquia. Não por acaso, o filme se parece muito mais com a ficção científica A Guerra dos Monstros (1965) do que a aventura tropical O Filho de Godzilla (1967).
A trama parece resumir as preocupações de Honda com a cooperação internacional, assumindo que na virada do milênio a humanidade já estaria em paz e longe de conflitos.
No ano de 1999, os seres humanos finalmente encontraram um modo de conviver com os monstros gigantes – isolando-os em uma ilha, no qual são alimentados e vigiados como se fossem animais de fazenda. Uma ameaça alienígena, no entanto, coloca o Planeta Terra em risco ao implantar chips nas criaturas e fazer com que elas ataquem as grandes cidades do mundo.
Bem mais focado no espetáculo do que o costume, O Despertar dos Monstros é a soma de diferentes imagens que vinham aparecendo dentro da filmografia de Godzilla ao longo dos anos. Há ataques contra prédios, confrontos entre monstros e militares, além de uma boa dose de engenhosidade para esconder a precariedade dos efeitos visuais de Sadamasa Arikawa.
A trama também parece resumir as preocupações de Honda com a cooperação internacional, assumindo que na virada do milênio a humanidade já estaria em paz e longe de conflitos. Assim, também estaria liberada para explorar o espaço e propor rápidas soluções tecnológicas aos desafios impostos por seus inimigos.
A utopia combina com o clima de encerramento da obra, mas a Era Shōwa de Godzilla não acabaria ali, como era o plano. Até 1975, o personagem retornaria às telas para outros seis filmes. O Despertar dos Monstros continua a ser o maior deles, em tamanho, ambição e número de monstros. Teve uma rápida e discreta passagem pelos cinemas do Rio de Janeiro e de Pernambuco em 1970.
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