No último dia 12 de novembro, Britney Spears celebrou o primeiro aniversário do fim de seu inferno pessoal. Naquele dia, após 13 longos anos, a justiça determinou o fim da tutela de seu pai, Jamie Spears, que dava a ele o poder de controlar todos os aspectos de sua vida.
Mas, passado este primeiro ano, Britney tem dado expressivas demonstrações de seu desejo de encerrar sua carreira, um encaminhamento natural para uma artista que sofreu a maior parte do tempo com pessoas dizendo a ela o que fazer, como se comportar e o que falar.
Em setembro, usando seu perfil no Instagram, disse que “provavelmente nunca mais se apresentará”. Não é complicado entender o contexto, semelhante ao de grandes esportistas, que abdicam de suas vidas pessoais por projetos de carreira que começam demasiadamente cedo, e cujas atuações costumam ser a carteira (e o fundo de pensão) de suas famílias.
Nestes 365 dias de liberdade, ela pode falar mais claramente sobre a falta de controle criativo que lhe foi imposto, de modo particular nos seus videoclipes e sessões de fotografia. “Estou muito traumatizada para a vida, chateada para caralho, e não, provavelmente não vou me apresentar de novo, porque sou teimosa e quero fazer valer o que penso”, publicou.
A liberdade após os vários anos, em alguns instantes, jogou Britney aos leões.
Mas Britney Spears não estava sem se mexer. O lançamento de um dueto com Elton John em “Hold Me Closer”, no último dia 25 de agosto, sua primeira faixa nova desde o disco Glory, de 2016, alçou a cantora às paradas de sucesso.
O próprio cantor britânico, que está às voltas com sua aposentadoria dos palcos, comentou que teria o maior prazer de compor novamente com Britney. A canção foi inteiramente gravada à distância, com a cantora em Los Angeles e Elton em Londres.
O empresário e marido de John, David Furnish, contou à Variety que a decisão do músico partiu do desejo de impulsionar a artista, em “passos de bebê”, para recuperar o fôlego e retornar à vida artística, se assim ela quisesse. “[E se ela quiser] pode pegar o telefone e falar com Elton sobre isso a qualquer momento”, disse o empresário.
ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA
Para continuar a existir, Escotilha precisa que você assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 8,00 mensais. Se preferir, pode enviar um PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.
Britney Spears: do leão de chácara aos leões da imprensa
A liberdade após os vários anos, em alguns instantes, jogou Britney aos leões. Parte considerável dos fãs que impulsionaram o movimento “Free Britney” aguardava que seu retorno às apresentações faria parte de seu futuro.
Spear até se tornou mais ativa nas redes socais, seja em ego shots, seja para criticar a família. Aí, quem voltou a sufocar a cantora foi a imprensa. Este fim de semana, por exemplo, a Newsweek ouviu especialistas em relações públicas, que sentenciaram que a cantora está prejudicando sua reputação com essa “nova versão”.
“Britney Spears precisa desesperadamente de uma reforma de imagem”, afirmou Ryan McCormick, sócio da Goldman McCormick Public Relations, à revista. “Existem muitos aspectos fantásticos sobre Spears que devem ser trazidos à luz do público”, continuou, fazendo ecoar a mesma espécie de sufocamento pelo qual a cantora foi tomada durante a tutela de seu pai.
“Se não houver nenhuma mudança na consistência das manchetes para que sejam menos negativas, tudo vai ser mais difícil para ela recuperar sua marca e ser bem vista pela opinião pública”, encerrou o entrevistado.
Talvez tenha faltado à própria revista saber o que quer Britney, ou ler as entrelinhas de suas publicações neste ano. “Hold Me Closer” e sua sonoridade nostálgica, como se as vozes e suas notes se dissolvessem tal qual uma miragem, parece uma forma bem singela de comunicar o que pretende.
A música, que recupera refrões de “Tiny Dancer” e versos de “The One” ganhou um videoclipe super colorido, com dançarinos em trajes vibrantes e que se movem como ecos de abraços humanos, captura lindamente “um sentimento imensurável de intimidade tão ausente do mundo através da turbulência e caos dos últimos tempos”, como dizia o release divulgado junto ao clipe.
Dias depois, Spears foi ao Twitter falar como estava sobrecarregada com a expectativa das pessoas, mas “honrada por estar cantando ao lado de um dos homens mais clássicos do nosso tempo”.
Nesta semana de celebração, o público deve fazer o que se desacostumou nos últimos anos: ouvir Britney Spears, a verdadeira, a real, a mulher livre das correntes de uma tutela injusta, machista e misógina. Ao contrário do que possam pensar, a cantora tem “gritado” o que quer fazer, nem que para isso tem usado o silêncio.
ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA
Para continuar a existir, Escotilha precisa que você assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 8,00 mensais. Se preferir, pode enviar um PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.