O Screaming Trees é outra daquelas bandas que poderiam ter feito muito mais sucesso na cena grunge. Se você está na faixa dos 30 a 40 anos e era um aficionado do gênero musical, talvez vá discordar que o grupo de Ellensburg era underdog na cena grunge. Entretanto, apesar do relativo sucesso do disco Sweet Oblivion – que contava com os hits “Dollar Bill” e “Nearly Lost You” -, a banda não vendeu muito mais que 300 mil cópias do álbum. Que fique claro, estamos falando do maior sucesso comercial do quinteto.
Formado em 1985, o Screaming Trees seguiu ativo até o início do ano 2000, mas sem conseguir atingir novamente as paradas de sucesso. O som do grupo era bem particular dentro do grunge. Mesmo trazendo as pitadas do hard rock como o Alice in Chains também fazia, a banda acrescentava camadas de psicodelia, um pouco de garage e de glam
Algumas curiosidades chamam a atenção no caso específico do Screaming Trees. Entre 1985 e 1989 eles já haviam lançado 4 discos de estúdio e outros dois EPs, uma média de mais de um trabalho por ano. Três dos discos e os dois EPs saíram pela SST Records que, até então, era a maior gravadora independente dos Estados Unidos. Em 1990, o grupo teve uma rápida passagem pela Sub Pop, chegando a gravar um EP (Change Has Come) antes de assinar contrato com a Epic, à época uma das maiores gravadoras do mundo.
O primeiro disco pela nova gravadora, Uncle Anesthesia, contou com a produção de Chris Cornell e a tour com a presença de Donna Dresch, baixista do Dinosaur Jr. Acontece que menos de um ano depois, o Nirvana lançou Nevermind e todo mundo sabe o que aconteceu. O sucesso repentino de Kurt e companhia alavancou a cena de Seattle, mas não levou a maré de sorte até o Screaming Trees.
Trajetória semelhante teve o Candlebox, porém, com um pouquinho mais de brilho. Originalmente formada com o nome de Uncle Duke (inspirada em uma faixa do grupo Midnight Oil), a banda de Seattle perambulava pela noite da cidade, sendo figurinha carimbada nos bares e casas de shows.
“O sucesso repentino de Kurt e companhia alavancou a cena de Seattle, mas não levou a maré de sorte até o Screaming Trees.”
Foi assim que chamaram a atenção de ninguém menos que Madonna. A eterna diva pop havia recentemente montado um selo dentro da Warner Music, a Maverick Records. A título de curiosidade, por este mesmo selo Madonna lançou o disco Erotica (1992), Alanis Morissette e seu Jagged Little Pill, além dos californianos do Deftones e dos ingleses do The Prodigy.
O disco de estreia do Candlebox, o homônimo Candlebox, de 1993, vendeu mais de 4 milhões de cópias, garantindo um posto no Top 10 da Billboard. Ele contava com músicas que marcaram a carreira do grupo, como “You”, “Far Behind” e “Change” e apostava numa sonoridade menos puxada para o hard rock ou mesmo para o punk, já acrescentando riffs mais característicos do pop e com menos distorção. Além disso, resgatou o violão do folk e composições menos depressivas, inserindo temáticas que questionavam as relações humanas sob outro viés.
Justamente por isso, algumas pessoas costumam colocar o grupo na lista do post-grunge, juntamente com The Smashing Pumpkins, Bush, Blind Melon, Live, Stone Temple Pilots e Silverchair. Sou partidário da divisão feita por muitas publicações internacionais, que condicionam as colocações dos grupos conforme a data de seus lançamentos mais expressivos comercialmente falando. Sendo assim, o Candlebox fica na linha limítrofe entre um e outro.
Dos cinco discos de estúdio lançados pelo grupo – sendo dois após o retorno do hiato de seis anos -, Happy Pills (1998) é um dos melhores da banda. Os músicos procuraram entrar em contato com as raízes do grunge, compondo canções com letras mais densas e sonoridade menos pop que os anteriores – Candlebox (1993) e Lucy (1995). O disco trazia algumas pérolas como “10.000 Horses”, “Happy Pills” e “Sometimes”.
Como já começávamos a viver o auge do Brit Pop, letras tão densas como as de Happy Pills não caíam tanto no gosto do público, que limitava a cota “deprê” e cheia de distorção para The Smashing Pumpkins (que neste mesmo ano lançaria Adore, álbum mais esperado daquele 1998 e que sucederia o icônico Mellon Collie and the Infinite Sadness) e Silverchair (que no ano anterior havia lançado o incrivelmente depressivo Freak Show).
https://www.youtube.com/watch?v=vUnBfjy2HD8
Existiram outras bandas? Sim, mas como o foco da curadoria para esta série eram bandas que consideramos mais promissoras, e foi isso que tentamos trazer nos textos que produzimos, tanto na primeira parte (leia aqui), quanto na segunda (leia aqui).