Em 1813, a Coroa Portuguesa dava início, sem saber, a um legado artístico. Biólogos franceses, financiados por Portugal, vinham até a então exótica terra brasileira para retratar a flora exuberante dos trópicos – naquela época, ninguém havia visto nada tão rico e parecido na Europa. A prática passou a ser tradicionalmente realizada com tinta aquarelável pela sua capacidade de explorar os detalhes da natureza.
Até meados do século XXI, no entanto, a ilustração botânica se restringiu apenas ao campo acadêmico. Porém, assim como seu nascimento, sua popularização artística se daria no Brasil, mais uma vez, devido a estrangeiros.
A inglesa Margaret Mee se tornou notória por retratar e catalogar plantas da Amazônia na década de 1960, unindo com maestria ciência e arte. As cores e movimentos revelados pela artista fariam a arte botânica crescer dentro do país e se espalhar pelo mundo.
Quando faleceu precocemente em 1988, foi fundada a Margaret Mee Amazon Trust, entidade em prol da conservação da flora amazonense. Desde então, o movimento de ilustração, muito ligado ao território brasileiro, só passou a ganhar mais força.
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Quando analisamos a trajetória da ilustração botânica, percebemos todo seu potencial e flexibilidade.
Curiosamente, a arte botânica continua a florescer mesmo na era da fotografia, na qual uma planta retratada com equipamento profissional supre a necessidade científica antes empregada pela técnica.
Na contemporaneidade, a fácil propagação pela Internet tornou o desenho específico acessível, versátil e, mais importante, cool – mas ora, é mesmo. Por mais clichê que soe, em um mundo cada vez mais artificial e plástico, a botânica parece nos reconectar com a nossa terra e com emoções mais profundas.
Quando analisamos a trajetória da ilustração botânica, percebemos todo seu potencial e flexibilidade – antes meramente acadêmica, se tornou tão incrível aos olhos que evoluiu gradualmente dos estudos da Coroa Portuguesa às telas e tintas, depois ao campo da decoração e agora até às tatuagens.
Para bom conhecedor da Geração Z, não é difícil relacionar-se com pelo menos um jovem com a flora, voltada para um cunho mais realista, eternizada nos poros da pele.
Em suma, muito mais do que apenas uma vertente artística, as referências e imagens botânicas verificam-se como tendência na arquitetura, na moda e em outros setores da sociedade.
Com o maior tesouro da biodiversidade mundial, em especial a infinita variedade de árvores, plantas e flores, o Brasil tem potencial de se tornar o coração da arte botânica no mundo.
Pouco mais de 200 anos depois do início das atividades botânicas no país, é importante para a arte nacional a compreensão da essência e da aplicação daquilo que temos de melhor: nossas múltiplas formas de vida.
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