Uma refeição decente, um banho diário, uma toalha limpa, itens de higiene pessoal, espaço para si, uma cama e um cobertor para se cobrir são itens básicos da nossa rotina. Estamos tão acostumados com isso, que nem nos damos conta do quanto isso é importante para o nosso bem-estar.
Agora, pense se tudo que normalmente você usa sozinho e diariamente tivesse que ser dividido com mais 24 pessoas? Uma toalha de banho para 25 pessoas, um sabonete para 25 pessoas, uma cama de solteiro e uma coberta para 25 pessoas, um prato de comida para 25 pessoas… parece impossível, não? Mas é justamente isso que os participantes do novo reality show da Rede Record vão ter que enfrentar!
Substituindo a segunda temporada do Power Couple Brasil, estreou ontem (terça-feira, 27) à noite a mais nova atração da emissora, A Casa – apresentada pelo humorista Marcos Mion -, que promete dar muito o que falar. Versão brasileira do reality holandês Get The F*ck Out Of My House, o programa apresenta 100 participantes que terão que ficar confinados em uma casa equipada para receber apenas quatro pessoas.
Ou seja, a casa possui apenas 4 camas, 4 pratos, 4 jogos de talheres, 4 camas, 4 toalhas, itens de higiene pessoal (sabonete, shampoo, papel higiênico, etc.) para uso de 4 pessoas, comida suficiente para 4 pessoas, um único sofá e apenas dois banheiros. Não há espaço, a casa é pequena, tem apenas 120 m². E não, os participantes não puderam levar itens para ajudar nesse perrengue, pois cada pessoa entrou apenas com uma pequena caixa de papelão com seus pertences, diferente das grandes malas que estamos acostumados a ver os participantes entrarem nos realities.
E se ainda não estava complicado o suficiente, o R$ 1 milhão destinado como prêmio precisa ser usado pelos competidores para manter a casa. A cada semana, um participante é eleito pelos demais para ser o “dono da casa”. Ele cuidará dessa verba e poderá gastá-la como quiser, comprando o que achar necessário, de colchão a sabonete. Só que, quanto mais se gastar, menos dinheiro sobrará para o vencedor. Escolha difícil, não? Além disso, o “líder” da semana é o responsável pelas eliminações que, aliás, terá seu número determinado por sorteio e pode variar de um até 20 ou mais participantes.
É um jogo sofrido, uma prova de resistência contínua, que vai testar os limites físicos e mentais dos participantes. A atração é quase um experimento antropológico social e com certeza despertará muita curiosidade, o que pode fazer com que obtenha bons índices de audiência.
Os participantes já estão confinados há dias, isso porque, diferentemente dos realities como Big Brother Brasil e A Fazenda, a nova atração segue o modelo do seu antecessor: é exibido apenas às terças e quintas-feiras e o único dia que será ao vivo é na final, prevista para setembro, que também será o único momento em que o público votará.
Quanto aos participantes, ainda é cedo para darmos um parecer. Até porque são muitas pessoas para analisarmos. Mas o que deu para perceber é que foram escolhidas pessoas com personalidades bem diversificadas. Acho que é certo esperar que muitos participantes desistam por não aguentar o sufoco. Só neste primeiro episódio 3 mulheres já deixaram a casa.
É um jogo sofrido, uma prova de resistência continua, que vai testar os limites físicos e mentais dos participantes. A atração é quase um experimento antropológico social e com certeza despertará muita curiosidade, o que pode fazer com que obtenha bons índices de audiência. E como sabemos que o brasileiro gosta desse gênero de programa, podemos esperar uma grande repercussão.
Porém, como escreveu Keila Jimenez em seu blog no portal R7, o programa é um zoológico humano. E podemos compreender isso pelo lado negativo, pois os participantes estão sendo tratados como bicho, tendo que recorrer a instintos primitivos para atender necessidades básicas como comer e fazer suas necessidades fisiológicas. No primeiro capítulo, eles já ficaram sem papel higiênico, tiveram que eliminar os banhos diários, passaram frio à noite e estavam famintos. Em certo ponto, o confinamento chega a ser desumano.
Se os participantes optarem por não gastar o dinheiro do prêmio e a comida e os produtos de higiene e de limpeza forem escassos, há risco até de proliferação de doenças e de desnutrição dos confinados. Resta assistir e ver até que ponto a emissora vai deixar que os participantes sofram. Esperamos que haja bom senso e intervenções da produção se necessário.
Nessa situação, com certeza podemos esperar muitas discussões. Até porque essas dificuldades só podem ter como objetivo causar discórdias, o que chega a ser cruel. Por mais que sintamos um guilty pleasure em acompanhar programas desse estilo, não queremos ver ninguém sendo submetido a situações e sofrimentos insanos só para nosso divertimento. Limites e empatia são sempre bem-vindos!