Desde que lançou O Labirinto do Fauno (2006), o mexicano Guillermo del Toro se consolidou como uma referência incontornável quando o assunto é cinema fantástico.
Filmes como Mutação (1997), A Espinha do Diabo (2001) e Hellboy (2004), todos dirigidos com uma marca muito distinta, autoral, já o haviam elevado à condição de cult, porém O Labirinto do Fauno, uma deslumbrante alegoria sobre o regime fascista do general Francisco Franco na Espanha, o catapultaram ao primeiro time de cineastas da atualidade.
Por isso, A Colina Escarlate estreia cercado de tantas expectativas. Trata-se de uma história gótica, na melhor tradição de Mary Shelley e Edgar Allan Poe, que parece ser a adaptação de uma obra literária do período, mas não é: o roteiro é original, assinado por Del Toro e Matthew Robbins.
Mia Wasikowska (de Alice no País das Maravilhas) vive a protagonista Edith Cushing, uma jovem norte-americana da segunda metade do século 19, aspirante a escritora que vive no limite entre a realidade e a ficção. Ela acredita ver fantasmas desde a morte trágica de sua mãe. Fica no ar a dúvida se as visões que tem são fruto de sua imaginação prodigiosa ou se, de fato, ela é assombrada por figuras do além.
Avessa a eventos sociais, como festas e bailes, que considera frívolos, Edith vê sua vida se transformar com a chegada de Thomas Sharpe (Tom Hiddleston, o Loki de Os Vingadores), um baronete britânico empobrecido que vai aos Estados Unidos em busca de quem financie uma de suas invenções. Ao seu lado, ele sempre tem a irmã mais velha, a algo sinistra Lucille (a excelente Jessica Chastain, de A Hora Mais Escura).
Embora o pai de Edith, Carter (Jim Beaver), seja contra o relacionamento entre a filha e Thomas, os dois acabam se casando, rendidos ao que parece ser uma paixão avassaladora. Após o casamento eles vão morar no Reino Unido, na propriedade dos Sharpe, uma mansão tão gigantesca quanto decadente que guarda segredos assustadores. O castelo parece ter vida própria e está localizado no topo de uma colina onde predomina o tom escarlate, devido à coloração rubra do barro que abunda no solo local.
O cenário da casa, construído no Canadá, é um personagem, aparentando ter vida própria.
Mais uma vez, como em todos os filmes de Del Toro, a direção de arte, figurinos, maquiagem e efeitos visuais e sonoros compõem um conceito estético, que evoca o melhor do cinema de horror e fantástico. O cenário da casa, construído no Canadá, é um personagem, aparentando ter vida própria.
Ao mesmo tempo um filme de horror gótico, mas também uma história de amor e um drama de suspense, A Colina Escarlate parece, em alguns momentos, ser mais forma do que conteúdo, mas no último terço da narrativa, todos os elementos visuais e narrativos se entrelaçam e resultam em um espetáculo satisfatório em vários sentidos, sobretudo por conta das ótimas atuações elenco. Não é uma obra-prima como O Labirinto do Fauno, mas também não decepciona.
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