Já se vão quatro anos desde que a série Entourage, exibida pelo canal pago HBO, saiu do ar, em 2011. Embora tenha feito sucesso de audiência, seu fim não foi exatamente lamentado e o programa já começava a cair no esquecimento. Ainda assim, o criador Doug Ellin decidiu tirar leite de pedra e adaptá-lo para o cinema, sob a forma de um longa-metragem. Errou feio: tudo o que conseguiu foi expor ainda mais as múltiplas fragilidades do seriado em suas derradeiras temporadas, sobretudo o humor crasso mal calibrado e a misoginia.
Embora supostamente uma sátira ao mundo de frivolidades de Hollywood, Entourage se perdeu, já em sua encarnação televisiva, por justamente contribuir diretamente à ordem que pretendia que denunciar. Tornou-se fútil, sexista e superficial. Assim como seu longa-metragem, que parece ser um capítulo estendido da série que há muito havia se esgotado quando deu seu último suspiro. E, na tela grande, suas limitações tornam-se ainda mais evidentes.
Na trama, Vincent Chase (Adrian Grenier, de O Diabo Veste Prada) acaba de sair de um casamento recém-anulado e quer dar uma guinada na carreira. Para isso, resolver dirigir seu próximo filme, uma versão futurista de O Médico e o Monstro chamada Hyde, também estrelada por ele.
Embora supostamente uma sátira ao mundo de frivolidades de Hollywood, Entourage se perdeu, já em sua encarnação televisiva, por justamente contribuir diretamente à ordem que pretendia que denunciar.
Para levar a cabo o seu projeto, conta com seu ex-agente, Ari Gold (Jeremy Piven) e, é claro, de seu apatetado irmão, o canastrão Johnny “Drama” Chase (Kevin Dillon, de Platoon) e dos seus amigos de infância em Nova York, Eric Murphy (Kevin Connolly) e Turtle (Jerry Ferrara).
A superprodução, cercada de mistérios, precisa de mais dinheiro para ser finalizada, e Gold recorre ao produtor Larsen McCredle (Billy Bob Thornton, de O Homem Que Não Estava Lá), que manda o filho, o mimado Travis (Haley Joel Osment, de Sexto Sentido, quase irreconhecível), a Hollywood, para ver o que estão fazendo com seus milhões de dólares. Daí começa a confusão, que envolve belas mulheres, nunca retratadas como mais do que objetos do desejo dos personagens masculinos, carrões e celebridades, que desfilam pelo longa sem maiores justificativas.
Os personagens da série, que na telinha até tinham alguns bons momentos, ficam reduzidos a caricaturas na transposição para o cinema. O protagonista Vincent nunca decola e, por vezes, mais parece um coadjuvante, sem conflitos convincentes e um arco dramático para chamar de seu.
Feito para os fãs da série – e apenas eles –, Entourage: Fama e Amizade foi um fracasso de bilheteria e de crítica nos Estados Unidos. Não à toa: é um dos piores filmes de 2015.
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