As oito pessoas mais ricas do mundo têm o mesmo patrimônio que 3,6 bilhões de integrantes da metade mais pobre. No documentário O Fim do Sonho Americano (2015), Noam Chomsky, considerado um dos intelectuais mais influentes da atualidade, faz uma espécie de “radiografia” das causas que cavam esse abismo.
No filme dirigido por Peter Hutchison, Kelly Nyks e Jared P. Scott, Chomsky enumera dez princípios da concentração de renda e poder no mundo. Formado por entrevistas filmadas durante quatro anos, o documentário tem apenas 1h10min de duração. A brevidade da projeção é inversamente proporcional à profundidade das considerações feitas.
Como o título indica, a análise enfoca os Estados Unidos, mas é claramente válida como abordagem do capitalismo financeiro global. Qual seria, afinal, esse “sonho americano”? É a possibilidade de reverter o fato de nascer pobre trabalhando intensamente. Mais uma vez recorrendo ao título, pode-se ver que Chomsky é crítico dessa ideia.
Um dos assuntos que recebe destaque nas entrevistas é a democracia. Segundo o filósofo, o simples fato da existência da desigualdade extrema já tem um ‘efeito corrosivo na democracia’.
Um dos assuntos que recebe destaque nas entrevistas é a democracia. Segundo o filósofo, o simples fato da existência da desigualdade extrema já tem um “efeito corrosivo na democracia”. Grandes corporações financiam partidos políticos. Quando estão no exercício de seus mandatos, os políticos servem de “avatares” dos donos dessas grandes empresas, elaborando e aprovando leis para atender aos interesses desses grandes detentores de renda e poder, gerando ainda mais concentração de renda e poder. O círculo vicioso é tão tradicional que foi descrito em 1776, por Adam Smith, em A Riqueza das Nações.
O enfraquecimento dos laços de solidariedade é outro dos dez princípios listados pelo entrevistado. A união é prejudicial para os poderosos, porque significa a luta por melhores condições de vida por parte daqueles que compõem as camadas mais inferiores da pirâmide. Os ataques à seguridade social e à escola pública, por exemplo, lançam a ideia de que não é justo, benéfico ou rentável preocupar-se em garantir um bem social para o outro se eu não estou tendo retorno financeiro direto.
Não representa nenhum “crime” contar o final de O Fim do Sonho Americano. Como conclusão, Chomsky pede que as pessoas invistam na união. Um apelo considerável, depois de toda a contextualização feita.
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