Em tempos de quarentena, revisitar, ou mesmo descobrir, grandes filmes pode ser um projeto estimulante. Minha recomendação de hoje é o sensacional Pacto de Sangue, clássico absoluto do cinema noir e um dos títulos mais cultuados dentro da espetacular filmografia do austríaco Billy Wilder, diretor das obras-primas Crepúsculo dos Deuses e Quanto Mais Quente Melhor.
Ao lado de Falcão Maltês, de John Huston, o longa-metragem de Wilder, lançado em 1944, é marco fundamental de um gênero cinematográfico que, embora tenha surgido como consequência de circunstâncias históricas bastante específicas, continua influenciando gerações de diretores em todo o mundo. Basta assistir a filmes recentes como Los Angeles - Cidade Proibida, do americano Curtis Hanson, ou a O Invasor, do brasileiro Beto Brant, para confirmar.
Uma das maiores e mais perenes contribuições de Hollywood à linguagem cinematográfica, o film noir é fruto de uma conjugação de fatores históricos e artísticos. O primeiro, e talvez mais determinante deles, é a chegada aos Estados Unidos de uma geração de cineastas europeus, sobretudo de língua alemã, que trouxeram na bagagem, além do espírito anti-nazista, a herança do movimento expressionista, em sintonia com o pessimismo reinante em tempos de guerra mundial.
Outro aspecto fundamental do gênero é a atração desses diretores pela nova literatura policial produzida por grandes mestres como Dashiell Hammett, Raymond Chandler e James M. Cain.
O enredo gira em torno de uma mulher diabólica, Phyllis Dietrichson (Barbara Stanwyck), que seduz o investigador de seguros Walter Neff (Fred MacMurray), um homem fraco e ganancioso, e o convence a matar o marido dela, deixando-a assim com o dinheiro do seguro.
Pacto de Sangue reúne todas essas características. Wilder, de origem judaica, chega à América disposto a esquecer a Europa, mas não de sua formação, influenciada por grandes diretores expressionistas, como Fritz Lang e F. W. Murnau. Encontra no romance de James M. Cain o argumento perfeito para as histórias noturnas, sórdidas e pessimistas que pretende fazer.
O enredo gira em torno de uma mulher diabólica, Phyllis Dietrichson (Barbara Stanwyck), que seduz o investigador de seguros Walter Neff (Fred MacMurray), um homem fraco e ganancioso, e o convence a matar o marido dela, deixando-a assim com o dinheiro do seguro. O crime ocorre como combinado, mas as coisas começam a complicar quando o chefe de Walter, Barton Keyes (Edward G. Robinson), toma conta do caso.
Indicado a sete Oscar em 1944, Pacto de Sangue entrou em 1998 a para lista dos cem melhores filmes do American Filme Institute. Com todo o merecimento: concentra, tanto do ponto de visto visual quanto dramático, o que de melhor o cinema noir produziu.
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