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Representatividade LGBT no cinema queer horror

Coluna discute, a partir do debate sobre queer horror, como a representação das minorias se tornou uma nova chave de interpretação do cinema de horror.

porRodolfo Stancki
26 de junho de 2019
em Espanto
A A
Representatividade LGBT no cinema queer horror

Imagem: Reprodução.

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Para comemorar o mês do orgulho LGBT, celebrado em junho, um amigo no Twitter apareceu com uma lista bastante diversa de filmes, algumas semanas atrás, sugerindo uma maratona de queer horror. Bem eclética, a seleção de títulos incluía Escravas do Desejo (1971), O Samurai (2014), Thelma (2017), O Quarto Homem (1983), Hellbent (2004), As Boas Maneiras (2018) e A Pele que Habito (2011). Acabei aceitando o desafio como uma oportunidade para refletir mais sobre o tema, que anda em voga entre pesquisadores e produtores de conteúdo que comentam o gênero lá fora.

Acho interessante como a discussão de representação de minorias abriu novas portas de interpretação do cinema de horror. Desde meados da década de 1980, críticos e acadêmicos problematizam o papel da mulher nesses filmes, questionando o excesso de violência e o machismo no enquadramento de algumas personagens. Nos últimos anos, porém, o debate tem deixado de ser foco apenas dos nichos especializados e praticamente virou uma chave de consumo (uma parte do público, na qual me incluo, busca por produções dirigidas por mulheres). Aqui no Brasil, sites como Fright Like a Girl, The Feminist Horror e a Revista Les Diaboliques frequentemente lançam análises específicas sobre o tema.

A mera presença de personagens LGBTs não qualifica um filme do gênero imediatamente como queer horror. É preciso que a obra potencialmente problematize a questão e não a trate como mero adereço.

De alguma maneira, o mesmo ocorre há algum tempo com as preocupações sobre raça no cinema de horror. Recentemente, o documentário que adapta a pesquisa Horror Noire: Blacks in American Horror Films from the 1890s to Present, de Robin R. Means Coleman, reacendeu a polêmica sobre o modo como as narrativas de medo retratam os negros como arquétipos marginalizados.

O debate sobre queer horror, por outro lado, é bem mais recente. Um dos primeiros livros a tratar especificamente sobre o tema lá fora talvez seja o de Harry M. Benshoff, Monsters in the Closet: Homosexuality and the Horror Film, de 1997. Na introdução, o autor comenta como as pessoas LGBTs criam paralelos com a condição dos monstros nos filmes de horror simplesmente por terem, historicamente, sido tratadas como anormalidades sociais.

“Como o malvado Sr. Hyde, ou o lobisomem, o gay ou a lésbica dentro de você pode estar tentando sair. Como o monstro de Frankenstein, homossexuais podem atravessar o país em um rompante, reivindicando vítimas ‘inocentes’. O pior de tudo, como cientistas malucos ou vampiros, que sonham com um mundo revolucionário com por meio de alguma descoberta científica ou poder sobrenatural, ativistas homossexuais atacam a própria fundação da sociedade, buscando infectar ou destruir não só aqueles que estão ao seu redor mas o próprio conceito de um Ocidente Judaico-Cristão no qual a sociedade foi construída”, escreve Benshoff.

Felizmente, essa ideia de uma condição monstruosa para personagens LGBTs no cinema de horror foi gradativamente se alterando. Hoje, o debate sobre questões queer no gênero se tornou um agregador de obras de diferentes naturezas. É, também, uma nova maneira de se pensar essas narrativas, ampliando a capacidade delas em promover reflexões sobre o mundo em que vivemos. Vide a lista sugerida por esse meu amigo.

No filme franco-belga Escravas do Desejo (1971), de Harry Kümel, uma condessa vampira passa a acompanhar a doentia e violenta relação de um casal em lua de mel. Aos poucos, ela passa a seduzir a mulher recém-casada. Originalmente, a produção deveria ser um sexploitation sangrento, mas o erotismo (ainda bastante presente) perdeu espaço para uma sensibilidade visual, que invariavelmente nos faz torcer para que o casal de mulheres fique junto no final. Podemos dizer mais ou menos o mesmo sobre o norueguês Thelma (2017), de Joachim Trier, que acompanha uma jovem que descobre sua sexualidade junto com fortes poderes paranormais que não pode controlar.

No longa holandês O Quarto Homem (1983), de Paul Verhoeven, um homem bissexual se envolve com uma cabeleireira para se aproximar do amante dela, sem saber que a moça pode ser uma assassina em potencial. A atmosfera de delírio e pesadelo aproxima a obra do filme brasileiro As Boas Maneiras (2018) que, entre outras coisas, parece estar querendo discutir as consequências monstruosas da liberdade sexual no Brasil contemporâneo.

No alemão O Samurai (2014), de Till Kleinert, um policial lida com a aparição de um homem de vestido branco em uma cidade pequena, que basicamente age como uma manifestação de seu desejo. O cineasta Pedro Almodóvar, de forma bastante perturbadora, materializa na tela a sensação de viver em um corpo distinto de sua identidade de gênero em A Pele que Habito (2011) – em uma referência direta aos membros da comunidade trans.

Ainda que eu seja novo no debate, e corra o risco de ser acusado de estar bem fora do meu lugar de fala, sei que a mera presença de LGBTs não qualifica um filme do gênero imediatamente como queer horror. É preciso que a obra potencialmente problematize a questão e não a trate como mero adereço. O Teste Vito Russo, que leva o nome de um importante pesquisador e ativista homossexual norte-americano, mede a inclusão de sujeitos não héteros no cinema e pode ser um bom parâmetro para entender esse dilema de representação.

Segundo a proposta, uma obra queer precisaria ter um personagem gay, lésbica, bissexual e transgênero – entre outras variações – e ele ou ela não deve ser predominantemente definido por sua orientação sexual ou identidade de gênero. Além disso, o mesmo personagem não poderia ser retirado do filme sem efeitos significativos à trama. Ou seja, narrativas que usam coadjuvantes LGBTs para darem mais pluralidade a um universo urbano ficariam de fora da conta.

Da lista proposta pelo meu amigo, o título que melhor se adequa ao Teste Vito Russo é Hellbent (2001), de Paul Etheredge. O filme se propõe a ser o primeiro, e possivelmente único, slasher gay. Todos os homens da trama assumem o papel de vítimas de um assassino que as persegue durante uma festa queer. No lugar de uma final girl, há um final boy. Interesses amorosos, alívios cômicos e os arquétipos imortalizados na franquia Sexta-Feira 13 são redimensionados para caber nas orientações sexuais dos personagens. É quase um experimento de problematização, feito para que o público repense a representatividade de gênero como um todo no cinema de horror.

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