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‘Atypical’: diferentes somos nós

'Atypical', nova série da Netflix, fala sobre Transtorno do Espectro Autista e dosa perfeitamente drama e comédia.

porRodrigo Lorenzi
26 de setembro de 2017
em Televisão
A A
'Atypical': diferentes somos nós

Imagem: Reprodução.

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Mesmo utilizando o autismo como principal diferença, Atypical poderia ser só mais uma dramédia tradicional sobre uma família norte-americana fora dos padrões e que descobre o amor e a união nas situações mais inusitadas. Seria, no mínimo, mais do mesmo. Felizmente, a nova série da Netflix consegue transitar no terreno do clichê de forma esperta. Ninguém inventa a roda, mas apresenta o essencial para conquistar o público: personagens carismáticos, daqueles que a gente quer virar amigo, e uma história bem contada.

Criada por Robia Rashid (da equipe de The Goldbergs e How I Met Your Mother), a série é narrada do ponto de vista de Sam (Keir Gilchrist), um adolescente com Transtorno do Espectro Autista (TEC). Sam vive com uma família amorosa e que tenta a todo tempo criar um mundo tranquilo para o garoto. A mãe, Elsa (Jennifer Jason Leigh), dedicou a vida inteira ao filho, mas agora começa a viver uma crise no casamento e na vida pessoal; o pai, Doug (Michael Rapaport), tenta criar um laço com o filho, mas se frustra ao perceber como, talvez, nunca tenha uma relação tradicional; e a irmã, Casey (Brigette Lundy-Paine), divide o amor pelo irmão e melancolia de sempre constatar que a prioridade na vida dos pais será sempre Sam. É nessa dinâmica que vemos a autodescoberta de Sam como herói de si mesmo, enquanto os outros personagens ganham a devida atenção na tela, sem que nenhum deles seja subaproveitado.

No mundo de Sam, a sinceridade impera e não há espaço para mentiras ou hipocrisia.

Sem entrar no mérito se a produção acerta ou não ao representar o autismo na tela, os roteiristas conseguem encontrar o tom certo em todos os momentos. Quando é engraçado, utiliza de um humor nonsense que funciona e não constrange. Quando é dramático, consegue passar a dificuldade de adaptação de quem vive fora da nossa discutível normalidade.

De maneira muito inteligente, o roteiro não apresenta Sam como um personagem antipático (embora, às vezes, ele seja bastante irritante), mas um adolescente que tenta a todo custo entender por que as pessoas se ofendem com a sinceridade. Sam é empático, mas precisa compreender quando as pessoas se magoam ou esperam algo dele. O transtorno também é passado ao público de maneira orgânica, sem didatismo, até mesmo ironizando certas situações, como a forma de tratamento na hora de falar sobre o autismo em público (a palavra autismo, aliás, é condenada).

A primeira temporada gira basicamente em torno do desejo de Sam em namorar uma garota. Ao perceber que pode estar apaixonado pela sua terapeuta, Julia (Amy Okuda), Sam decide treinar com uma outra pessoa. É aí que ele começa explorar um mundo muito mais complexo do que o seu, quando permite que sua primeira namorada, Paige (Jenna Boyd), o tire da sua zona de conforto, provocando situações tanto hilárias como dolorosas.

O roteiro é inteligente ao utilizar as evoluções e retrocessos de Sam como reações para os outros personagens. Quanto mais Sam fica independente, mais sua mãe se sente perdida, ao mesmo tempo em que o pai consegue se aproximar do filho. Quanto mais Sam se afasta da irmã, mais ela percebe que, talvez, ela seja muito mais dependente dele do que o contrário. Tudo funciona organicamente e a família não é inverossímil em nenhum momento.

O maior acerto da série, entretanto, é fazer o público perceber que atípicos mesmo somos nós, não Sam ou quem vive com Transtorno do Espectro Autista. Afinal, a normalidade é relativa e só funciona quando alguém dita o que é a norma. No mundo de Sam, ironias não fazem sentido, analogias não parecem certas e neologismos podem ser complicados. A sinceridade impera e não há espaço para mentiras ou hipocrisias. Todos nós somos inseguros e vivemos dentro de um personagem a quase todo momento, mas não Sam. Mesmo assim, o garoto luta para fazer parte dessa nossa fantasia, o que é ao mesmo tempo incrível e cruel. No final, quem mais parece coerente neste mundo é mesmo Sam.

Com apenas oito episódios e sem excessos, Atypical consegue ser aquela série aparentemente inofensiva, mas que carrega uma bela intensidade em seu discurso. Com um gancho interessante que fará mudar toda a dinâmica familiar, Atypical já é uma das comédias mas carismáticas do ano.

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