Kiss me first explora um tema similar ao de Black Mirror: a tecnologia como fonte de tragédias. Mas as semelhanças param por aí: com narrativa adolescente e pouco consistente, a série decepciona.
Lançada na Netflix em 29 de junho de 2018, Kiss me first fala de realidade virtual e espionagem cibernética, temas cada vez mais presentes em nosso próprio cotidiano como fontes de expectativa e medo, respectivamente.
Após a morte da mãe, Leila, uma jovem de 17 anos, se vicia em “Azana”, um jogo de realidade virtual que retrata um mundo em guerra. Lá, conhece Mania, jogadora que a apresenta a Red Pill — uma espécie de paraíso cibernético escondida no jogo, onde um grupo de jovens desajustados e solitários se encontram diariamente.
Mas as coisas começam a ficar bizarras. O líder do grupo, Adrian, parece estar induzindo seus membros a cometer suicídio, tanto no jogo quanto na vida real. Leila junta as peças e se torna a heroína da história: de repente, se vê fazendo o impossível para salvar a todos.
A história passa a reunir vários momentos que podem ser definidos como importantes, sem nenhuma transição ou construção para chegar lá. As situações param de ser críveis e se tornam confusas, até mesmo maçantes.
Os relacionamentos bizarros de Leila
O que mais me atrai nas séries sempre foi, inevitavelmente, os relacionamentos. Acredito que grande parte da minha decepção em relação à Kiss me first foi justamente o fato de os relacionamentos terem sido tão pobremente explorados, quase como histórias mal contadas.
Tanto no jogo quanto pessoalmente, Leila e Mania flertam uma com a outra desde o início. Seja nas cenas na boate ou na casa de uma das duas, a expectativa de que algo aconteça sempre está presente. Mas isso nunca se concretiza. Nada nunca se concretiza e o possível relacionamento das duas acaba se apresentando como um engano da imaginação do telespectador.
O que acontece é que, do nada, Leila beija Jonty. Os dois mal trocavam palavras, a não ser em alguns momentos em que Jonty se apresentava como o alívio cômico da série, o personagem bizarro que fala algumas coisas que provocam risadas aqui e ali.
Um possível relacionamento entre os dois foi colocado na série como que forçado. Um dia, Tess (o nome real de Mania) sugeriu a Leila que o beijasse. Mas vindo do nada, pensei que fosse alguma indireta para ver se a Leila gostava ou não dela.
A série se constrói como uma casa com uma planta muito massa, mas que na hora de ser tirada do papel deu errado pela falta de material.
Acabou que não era. E Leila o beijou uma noite, ele disse que a amava na outra, os dois transaram e, no dia seguinte, Leila admitiu que também o amava.
Essa narrativa, assim como a série em geral, pareceu recortada. Parecia que enormes peças estavam faltando, que momentos foram retirados, histórias não foram adequadamente construídas. Tive a sensação de que foi tudo bruto, repentino e sem sentido.
Neste caso específico, parece que as cenas envolvendo sexo ou alguma ação sem muito sentido (ou cujo sentido eu não consegui captar) são priorizadas, enquanto tantas outras histórias permanecem não contadas.
Era uma vez uma menina e de repente um dinossauro
Senti que, em Kiss me first, muita coisa acontece e nada é devidamente explorado. A série se constrói como uma casa com uma planta muito massa, mas que na hora de ser tirada do papel deu errado pela falta de material. Mas mesmo assim, o telhado é colocado em cima só pra dizer que está ali e que algo aconteceu.
Algumas coisas também não fazem muito sentido. Tess é bipolar, e essa parece ser a causa apontada para ela ser totalmente bizarra e instável. Instável, O.K., mas poxa, não burra. Afinal, precisou que Adrian mandasse alguém matá-la para que ela acreditasse que ele era o vilão da história, mesmo com todas as evidências e avisos de Leila. Em alguns momentos, ela tinha lapsos de brilhância e confiança e genialidade e, em outros, ela era simplesmente burra e carente. E isso definitivamente não é a um sintoma da bipolaridade, mas de um personagem mal construído e que não cativa pelos motivos certos.
A série não traz nada de inovador e nem ao menos entretém. Depois do quarto episódio, em que as coisas ficam muito confusas (não sei se a culpa foi minha por já estar cheia da série, mas nada mais fazia sentido. Eu realmente não entendia porque as coisas estavam acontecendo e elas simplesmente pareciam bizarras e fora da realidade).
Eu cheguei a ficar entediada, jogando joguinhos no celular e vendo se algo de interessante acontecia para salvar a história. Nada aconteceu, nada se justificou e só me pareceu uma boa premissa que não foi bem desenvolvida. Kiss me first, infelizmente, decepciona.
Nossa, achei a série maravilhosa e olha que não gosto muito desse universo. Muito boa sim!!
Eu também gostei bastante. Péssima critica. Observações rasas e incoerentes. Tudo que ela cita como ruim na serie é o que deixa ela mais interessante.
Eu achei a série enfadonha e sem graça, consegui ver até a metade do terceiro episódio e simplesmente me perguntei por que ela continua usando aquela coleira após descobrir a morte do primeiro personagem. Concordo com a crítica e já queria dormir no segundo episódio.
“Tudo que ela cita como ruim na serie é o que deixa ela mais interessante.” concordo, amei a série por ser diferente!
Críticas são completamente pessoais, galera. Eu concordo e discordo em alguns pontos. Concordo que as relações ficaram confusas e me deixaram com um grande UÉ na cabeça. A amizade delas não parecia amizade, mas isso me faz perguntar se não era por parte da Leila, já que é a partir da visão dela que a história é contada. Pareceu pra mim que ela faria tudo pela Tess, de uma forma romântica, mas não tinha coragem de simplesmente assumir esse lado. Se pensar por esse lado, então as coisas fazem mais sentido. Ela é claramente uma pessoa insegura. E o ponto crucial na série, é a manipulação psicológica que o Adrian fazia baseado na confiança que pessoas completamente desamparadas emocionalmente e psicologicamente possuíam nele. Não achei a Tess burra por não conseguir acreditar que o amparo emocional que ela tinha, na verdade queria a morte dela. As pessoas do grupo tinham doenças psicológicas, então, trabalhar a aceitação do suicídio como solução, não seria algo difícil pra um lunático manipulador. Psicologicamente falando, a série é incrível. Adrian é como um psicopata virtual. Ele manipula a todos com aquela voz calma, palavras de “sabedoria”, paciência, completamente sociopata. E depois as coisas ficam mais interessantes quando descobrimos que ele era meio abandonado emocionalmente também. Enfim, esse é o meu ponto de vista, eu simplesmente adorei e mau posso esperar pela segunda temporada!