Do dia para noite, Curitiba virou a capital nacional dos cinemas drive-in. Ao menos seis estabelecimentos do tipo começaram a funcionar na cidade e na região metropolitana nas últimas duas semanas. O mais famoso deles, localizado no estacionamento do Restaurante Madalosso, lotou todas as sessões para o mês de junho em menos de dois dias (leia mais). A demanda mostra que a cidade está atrás de atrações seguras durante a crise do coronavírus.
O primeiro projeto do tipo na capital paranaense foi o Somos + Curitiba, no pátio da casa de shows Live Curitiba. O local exibe ao menos dois filmes por dia, de quinta a domingo. Na entrada, artistas de circo recebem os convidados devidamente mascarados. A pipoca é adquirida diretamente no carro, ligando o alerta. O uso de máscara é obrigatório.
A tela é grande e alta o suficiente para ser vista de todos os pontos do estacionamento. O som sai por uma frequência sintonizada no próprio carro. As exibições diurnas funcionam, ainda que não tão bem quanto as noturnas. A Escotilha esteve presente na sessão de Meu Malvado Favorito 3 (2017) num fim de tarde, no dia 30 de maio, e a imagem era clara e cristalina.
As experiências de cinema em drive-in também servem para mostrar que a sétima arte ainda tem força para mover o público atrás de uma experiência coletiva.
Segundo a produtora cultural Diana Moro, que atua como curadora das sessões, a atração tem como foco o entretenimento seguro. A seleção de títulos busca uma variedade de gêneros. O desafio é negociar a liberação dos longas-metragens com as distribuidoras. “Temos atuado com os exibidores também. Os grandes estúdios têm restrições quanto ao lançamento dessas produções nos cinemas drive-in”, explica.
Por conta dos direitos de exibição e da estrutura, a entrada dos cinemas drive-in custam, em média, R$ 50, que é o preço do Autocine Show, em Colombo. O preço da Somos + Curitiba é de R$ 70. O Planeta Drive-In, que funciona na Pedreira Paulo Leminski, anunciou no início da semana que o valor da entrada para cada sessão será de R$ 100. Em Fazenda Rio Grande, o Cineplus Drive-in cobra R$ 20 por veículo. A exceção é o do Restaurante Madalosso, que possui um ingresso solidário, com arrecadação de cestas básicas.
Alguns desses projetos nem foram devidamente divulgados e já deixaram de funcionar. No último fim de semana, estreou o projeto Cine Car Autódromo, em Pinhais. A iniciativa, que aparentemente já foi cancelada, tinha uma estrutura precária. A tela ficava atrás das arquibancadas do Autódromo Internacional de Curitiba e era pequena – a ponto de dificultar a visão de quem estaciona mais ao canto. O som que saía no carro tinha uma frequência com ruídos.
Na noite do último sábado, dia 6 de junho, Escotilha esteve presente no local para a exibição de De Volta para o Futuro (1985) no local. O filme era dublado e o estacionamento estava cheio. A sensação é de que o ambiente havia sido improvisado para a ocasião. O público só poderia sair do carro de máscara.
Ao menos na capital paranaense, essa nova proposta de cinemas drive-in é de um entretenimento caro e restrito para quem tem carro. Para Diana Moro, essas experiências também servem para mostrar que a sétima arte ainda tem força para mover o público atrás de uma experiência coletiva.
Como as recomendações de isolamento social devem permanecer ativas por mais algum tempo, os cinemas tradicionais dificilmente voltarão a funcionar com plena capacidade. Logo, novos projetos ainda podem aparecer na cidade. “A demanda é grande. Ainda vai ter muito cinema drive-in por aqui”, avalia Diana.
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