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‘Ficção Americana’ satiriza representações de negros pela indústria cultural

Vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado, 'Ficção Americana' defende a tese de que as imagens de pretos pobres, vitimizados, excluídos e deseducados são convenientes para o discurso hegemônico deminante nos EUAa.

porPaulo Camargo
12 de março de 2024
em Cinema
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Jeffrey Wright, indicado ao Oscar de melhor ator, é um escritor reconhecido mas sem leitores em 'Ficção Americana'. Imagem: Divulgação.

Jeffrey Wright, indicado ao Oscar de melhor ator, é um escritor reconhecido mas sem leitores em 'Ficção Americana'. Imagem: Divulgação.

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Há dois longas-metragens paralelos em Ficção Americana, impressionante estreia na direção de Cord Jefferson, ex-jornalista e roteirista de televisão, vencedor do Emmy (por seu trabalho em Watchmen, da HBO). No último domingo, ele recebeu o Oscar de melhor roteiro adaptado.

Um desses filmes é agridoce, reflexivo por natureza, e baseado no romance de Percival Everett, Erasure, de 2001. Trata-se de obra literária dramática, cheia de nuances, que conta a história de uma um dia proeminente família negra de Boston fraturada por tragédia, doença e dívidas. A outra narrativa de Ficção Americana é uma sátira mordaz e cínica sobre como o meio editorial norte-americano reduz a vastidão da experiência negra ao que o filme chama de “pornografia de trauma”, que mistura tráfico de drogas, violência, ausência paterna, gravidez indesejada e miséria, para aplacar ideias – e a culpa – dos brancos sobre o que significa ser afro-americano.

Felizmente, esses dois fios narrativos entrelaçados compartilham um trunfo fundamental que une e potencializa o tratado bifurcado de Jefferson de uma maneira ao mesmo tempo ponderada e, em última análise, comovente. Ambos apresentam uma impressionante atuação de Jeffrey Wright, cujo retrato cômico e trágico de um acadêmico emocionalmente atrofiado que se transforma em farsante literário está à frente de um super elenco.

Se havia dúvidas de que Wright – que ganhou um Tony há 30 anos por seu desempenho como a enfermeiro Belize na montagem original de Angels in America, de Tony Kushner (e um Globo de Ouro por reprisar o papel uma década depois na minissérie da HBO de Mike Nichols) – é um dos atores mais talentosos de sua geração, seu desempenho em Ficção Americana as elimina. Tanto que foi indicado ao Oscar, ao Bafta, ao Globo de Ouro e ao SAG.

Wright está impagável, multifacetado, interpretando Thelonious “Monk” Ellison, um professor da Costa Oeste cujos alunos estão mais empenhados em evitar a linguagem ofensiva do que em estudar literatura e cujos romances “neutros em termos de raça” não vendem.

Quando Monk retorna à sua casa de infância em Boston para participar de uma conferência literária, ele confronta tanto uma mãe viúva (uma luminosa Leslie Uggams) nos primeiros estertores da demência, quanto uma escritora (uma hilária Issa Rae), cujo romance best seller, We’s Lives in Da Ghetto, incorpora tudo o que ele deplora na literatura contemporânea.

Wright está impagável, multifacetado, interpretando Thelonious “Monk” Ellison, um professor da Costa Oeste cujos alunos estão mais empenhados em evitar a linguagem ofensiva do que em estudar literatura e cujos romances “neutros em termos de raça” não vendem.

Para exorcizar sua raiva e potencialmente pagar as contas médicas de sua mãe, Monk adota um alter ego vida bandida chamado Stagg R. Leigh e escreve My Pafology, um romance sobre um traficante de drogas e seu pai alcoólatra, que ele nunca conheceu.

Depois que seu agente (John Ortiz) inventa uma “história triste” para o fictício Leigh – após uma temporada na prisão, ele agora é um foragido do FBI –, o romance é vendido por um adiantamento impressionante e se torna a sensação literária do verão.

‘Ficção Americana’: família

Como seu pai, ambos os irmãos mais novos de Monk são médicos: seu irmão Cliff (Sterling K Brown, indicado ao Oscar de coadjuvante) é um cirurgião plástico que vive a primeira libertação de seu eu gay após um divórcio traumático da esposa. A irmã também recém-divorciada, Lisa (Tracee Ellis Ross, filha de Diana Ross), é uma ginecologista local forçada pela proximidade geográfica a se tornar a cuidadora de sua mãe.

Embora ambos os atores sejam e estejam ótimos em seus papéis, o tempo de tela de Ellis é severamente reduzido. O filme de Jefferson teria se beneficiado se ele tivesse encontrado uma maneira de manter em cena a atriz, cujos tremendos dons cômicos foram em grande parte limitados à televisão.

Todos na órbita dos Ellison são ricamente desenhados e profundamente compreendidos pelos atores que os interpretam. Erika Alexander traz inteligência e humor mordazes para Coraline, a defensora pública que serve como vizinha à beira-mar de Monk e potencial interesse amoroso. Myra Lucretia Taylor brilha como Lorraine, a governanta de longa data dos Ellisons que encontra realização mais tarde na vida.

Leitora assídua, até dos romances de Monk, Coraline diz a ele que escreve bem as mulheres; e o mesmo acontece com Cord Jefferson em Ficção Americana, já disponível para streaming no Prime Video.

O último terço do filme introduz um produtor de Hollywood (Adam Brody) e se torna uma metaficção de Hollywood à maneira de O Jogador, de Robert Altman. A narrativa não chega a se perder, mas a história familiar mais complicada, que fica meio abandonada a partir daí, parece mais rara e valiosa. Sente-se falta dela.

Ainda assim, Ficção Americana anuncia o surgimento de uma interessante voz cinematográfica no roteirista e diretor Cord Jefferson. O Oscar deve ajuda-la bastante a ser ouvida.

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Tags: Cord JeffersonFicção AmericanaJeffrey WrightOscar 2024

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