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‘O Insulto’ e sua exposição bem feita das consequências do ódio que supera a paz

Com cuidado nos detalhes e roteiro competente, filme libanês ‘O Insulto’ mostra como um acontecimento minúsculo pode ganhar dimensões gigantescas quando a inflexibilidade sufoca o diálogo.

porTiago Bubniak
22 de setembro de 2020
em Cinema
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O Insulto, de Ziad Doueiri

Tony (Adel Karam), à esquerda, e Yasser (Kamel El Basha): opostos que provocam uma discussão de proporção cada vez maior. Imagem: Reprodução.

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A imagem de uma pedra jogada em um lago é uma metáfora que pode resumir a trama do filme O Insulto (2017), do diretor libanês Ziad Doueiri. Dependendo do tamanho da pedra, da força com que é atirada e das dimensões do lago, as ondas circulares que partem do epicentro do choque podem espalhar-se por toda a extensão das águas. O roteiro do próprio diretor, em parceria com Joelle Touma, serve-se dessa imagem. A história parte de um acontecimento completamente banal, minúsculo, aparentemente inofensivo e insignificante, para lançar os personagens (e o espectador, por extensão) em uma espiral de complexidade, com consequências de dimensões cada vez maiores. Tal qual as ondas na água.

A “pedra no lago” é uma discussão entre o cristão Tony Hanna, interpretado por Adel Karam, e o refugiado palestino Yasser Abdallah Salameh, vivido por Kamel El Basha. Yasser é chefe da equipe de obras que acontecem na rua onde Tony mora. Tony vai regar as plantas na sacada de sua casa e, graças a uma calha irregular, um pouco de água cai sobre Yasser, que está na rua. A partir desse evento, os ânimos entre os dois esquentam, a situação vira processo na justiça, o caso chama a atenção da mídia e uma crise política instala-se no Líbano.

Do cuidado com os detalhes à mensagem lançada pelo roteiro muito bem estruturado, este filme libanês faz pensar sobre o quanto compensa agarrar-se em convicções e “petrificá-las”, comprometendo uma convivência mais pacífica.

Com base nessa trama, O Insulto vai além de um intenso e competente filme de tribunal: o microcosmo que ele enfoca serve de analogia do macrocosmo do Oriente Médio, com seus diversos conflitos complexos de ordens política e religiosa que duram décadas. As questões retratadas na ficção espelham-se no real. Para evitar polêmicas, logo antes dos créditos iniciais o filme toma o cuidado de lançar uma legenda que não deixa dúvidas: “As visões e opiniões expressas neste filme são as dos autores e do diretor e não refletem a política oficial ou posição do governo libanês”.

Concorrente ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2018, O Insulto mostra um cineasta cuidadoso com a obra que entrega. Do discurso político dos segundos iniciais à cruz pendurada no retrovisor interno do carro dirigido por Tony, é possível verificar que estamos diante de um personagem cristão. Existe todo um esmero em lançar elementos, sejam eles palavras, símbolos ou situações que remetem ao cristianismo. Quando Tony e sua esposa Shirine (Rita Hayek) conversam na sacada da casa onde moram, pode-se ver ao fundo, sutilmente, alguns operários escalando uma parede. Espectadores mais atentos verão esse pequeno sinal de que há uma obra acontecendo nas redondezas, a obra na qual Yasser trabalha e que servirá de pano de fundo para o gatilho do caos que se espalha e alimenta toda a trama.

Do cuidado com os detalhes à mensagem lançada pelo roteiro muito bem estruturado, este filme libanês faz pensar sobre o quanto compensa agarrar-se em convicções e “petrificá-las”, comprometendo uma convivência mais pacífica. A lição fica tanto para o nível micro, particular, pessoal, quanto macro, em termos de nações que não pensam duas vezes em mergulhar em conflitos bélicos.

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Tags: CinemaCríticaCrítica CinematográficaCrítica de CinemaFilm Reviewfilme libanêsMovie ReviewO InsultoResenhaReviewZiad Doueiri

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