• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Cinema

Crítica: ‘Kommunisten’: a experiência estética da ausência – Olhar de Cinema

Nossa análise sobre o filme 'Kommunisten', de Jean-Marie Straub, em exibição no Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba.

porAline Vaz
14 de junho de 2015
em Cinema
A A
Compartilhe no TwitterEnvie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no Facebook

Jean-Marie Straub, que realiza desde 1962 uma obra em alemão, francês e italiano, singular na história do cinema, compõe as Exibições Especiais do 4º Olhar de Cinema, com o recente longa-metragem de 2014, Kommunisten e o curta-metragem,  La Guerre d’Algérie!, em que dialogam em uma única sessão, narrativas que se comunicam e hibridizam-se (por isso, aqui, não farei distinção entre um e outro, falarei da sessão como um todo). E foi com essa exibição que dei entrada no Festival Internacional de Curitiba. Ao sair do cinema e rabiscar as primeiras reflexões, encontro dificuldade em verbalizar o que vi na tela. Não me entendam mal, não quero dizer que o filme é ruim, ao contrário, ele é bom, há grandes chances de ele ser muito bom, como já nos disseram: “Um bom filme é aquele que não pode ser contato em palavras”.

Aliás, as palavras também intrigam a narrativa fílmica, talvez possamos arriscar em separar essa experiência cinematográfica em duas camadas reflexivas, verbal e imagética. A primeira parte da sessão valoriza a fala, a tela preta que permanece inalterada por algum tempo provoca estranhamento, apenas ouvimos, mas não vemos. É possível não ver no cinema? A ausência também é uma forma de construção discursiva, a falta de imagens nos remete a falta de rostos daqueles torturados que foram silenciados e tornaram-se dados estatísticos.

Em uma sociedade que não se reconhece, a linguagem não aproxima os indivíduos, ela cria barreiras. O homem e a mulher sem rostos, que de costas para o espectador, ocupam posições diferentes, ela sentada, ele em pé, ela diz que a alegria é a música, para ele a alegria não tem linguagem. Num contexto em que a sociedade é calada, a linguagem torna-se utópica, não é mais possível estabelecer vínculos, as vítimas não falam, não querem, não estão e não são, não se apropriam da linguagem, logo não compartilham alegrias.

Em uma sociedade que não se reconhece, a linguagem não aproxima os indivíduos, ela cria barreiras.

Outro momento de valorização verbal é na cena em que personagens lado a lado, representam a distância entre eles, posicionados como se houvesse uma marcação de cena, todos em seus lugares ocupam um espaço de individualidade coletiva, ora declamam o que leem, ora parecem verbalizar lembranças (quando a câmera aproxima-se dos rostos). A leitura nos remete à história, que existe por meio da escrita, ora transmitindo confiança, ora levantando dúvidas em relação a possível manipulação da escrita.

Quando o espectador convence-se de que se trata de um filme verbalizado, é surpreendido pela câmera estática que filma trabalhadores, remetendo ao filme A Saída dos Operários da Fábrica Lumière (Sortie des usines Lumière, La, 1895). O som do carro, que não aparece em cena, lembra que o progresso não pertence aos trabalhadores, eles não usufruem da materialidade: são vitimas e reféns desse progresso.

Quando a guerra acaba, a câmera contempla paisagens, passeando em movimentos circulares, há uma liberdade, mas não há caminhos para seguir. As crianças que surgem na imagem bucólica lembram o reinício, um futuro diferente. As árvores sutilmente caídas não deixam esquecer as marcas da guerra. Não é possível reerguer a natureza da vida atingida pelo progresso que cala.

Com uma nova filmagem e algumas sequências de seus filmes anteriores, Straub indaga o sonho singular que poderia salvar nosso mundo: aprender a conviver juntos. Quando o filme privilegia o verbal ressalta que aquele que fala não tem rosto, é vitima. Quando valoriza a imagem remete a falta de voz dessa sociedade sem rosto.

Kommunisten é um filme que representa a presença entre-textos na ausência, no silêncio, no espaço entre tempo e espaço. Compreender e possuir a linguagem verbal e imagética seria o modo de habitar o mundo, criar relações e compartilhar experiências.

ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA

Que tal apoiar a Escotilha? Assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 15,00 mensais. Se preferir, pode enviar uma contribuição avulsa por PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.

CLIQUE AQUI E APOIE

Tags: Críticacrítica de cinemaFestival Internacional de CuritibaJean-Marie StraubKommunistenOlhar de Cinema

VEJA TAMBÉM

Joaquin Phoenix como Napoleão Bonaparte
Cinema

‘Napoleão’ fracassa como retrato psicológico do líder francês

28 de novembro de 2023
CRÍTICA: ‘Tia Virgínia’, filme dirigido por Fabio Meira
Cinema

CRÍTICA: ‘Tia Virgínia’, filme dirigido por Fabio Meira

21 de novembro de 2023
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

Joaquin Phoenix como Napoleão Bonaparte

‘Napoleão’ fracassa como retrato psicológico do líder francês

28 de novembro de 2023
Stênio Gardel: “O máximo que eu podia fazer era desejar que o livro tivesse um caminho bonito”

Stênio Gardel: “O máximo que eu podia fazer era desejar que o livro tivesse um caminho bonito”

28 de novembro de 2023
Lançamentos Netflix em Dezembro

Netflix: confira o que chega ao catálogo em dezembro

22 de novembro de 2023
CRÍTICA: ‘Tia Virgínia’, filme dirigido por Fabio Meira

CRÍTICA: ‘Tia Virgínia’, filme dirigido por Fabio Meira

21 de novembro de 2023

Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.