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‘Marighella’ é arrebatador e torna-se símbolo de resistência cultural

Ainda que traga uma visão por vezes idealizada e heroica demais de seu personagem-título, 'Marighella' emociona e nos faz pensar no Brasil atual, graças à direção vigorosa de Wagner Moura.

porPaulo Camargo
4 de novembro de 2021
em Cinema
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'Marighella' é arrebatador e torna-se símbolo de resistência cultural

Seu Jorge brilha como o guerrilheiro Carlos Marighella, morto pela ditadura militar. Imagem: Divulgação.

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O longa-metragem Marighella, que chega hoje aos cinemas brasileiros, tornou-se mais do que um filme. Como o governo Bolsonaro, por meio da Agência de Cinema (Ancine) vinha buscando impedir, desde 2019, o lançamento do longa-metragem dirigido por Wagner Moura, a produção tornou-se um dos símbolos mais potentes destes tempos sombrios, nos quais a cultura nacional tentar resistir contra forças antidemocráticas que tentam domá-la, silenciá-la. Portanto, a cinebiografia do líder guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969), um dos protagonistas da luta armada da década de 1960, assassinado pela ditadura militar, deixou de dizer respeito apenas ao Brasil daqueles dias. Fala, também, do aqui e agora.

Lançado mundialmente em fevereiro de 2019, na mostra competitiva do Festival de Berlim, Marighella foi interpretado, desde essa primeira exibição, como um desafio a tudo que o atual governo defende e representa. Adaptação do livro Marighella: o Guerrilheiro que Incendiou o Mundo (2012), de Mário Magalhães, o filme não aborda a figura do militante de forma distanciada. Pelo contrário: traz do personagem uma visão assumidamente heroica e, em certa medida idealizada, deixando muito claro, já em suas imagens iniciais, de que lado está.

Lançado mundialmente em fevereiro de 2019, na mostra competitiva do Festival de Berlim, Marighella foi interpretado, desde essa primeira exibição, como um desafio a tudo que o atual governo defende e representa.

O arrebatador filme de Moura abre de forma didática: textos sintetizam a razão da tomada do poder pelos militares em 1964 e dizem, sem rodeios, que a ditadura foi cruel, violenta e contou com o apoio de parte significativa dos meios de comunicação e da classe média e alta, coniventes e corresponsáveis pela ascensão ao poder de valores conservadores e antiesquerda. Qualquer semelhança com o Brasil atual, pós-2016, não é mera coincidência.

Marighella, que à época era considerado, não sem a ajuda de setores da imprensa, o “Inimigo nº 1 do Brasil”, é interpretado de forma intensa, mas também contida, pelo ator e cantor Seu Jorge. É tamanha a integridade, a bravura, que ele empresta ao  personagem, que é praticamente impossível resistir a ele, e não ouvi-lo. Quando alguns de seus aliados mais próximos são assassinados pela polícia política, o guerrilheiro olha para a câmera e, portanto, para o público que assiste ao filme, e diz, em uma quase promessa de vingança: “É terror, sim”. Ele se assume como terrorista, e é difícil não legitimá-lo. Moura nos manipula em favor do ideário do protagonista, uma opção sem dúvida problemática, porém muito eficiente do ponto de vista dramático, do diretor, também coautor do roteiro.

Diferentemente da biografia assinada por Mário Magalhães, o filme não percorre toda a vida de Marighella. Concentra-se nos seus últimos anos de vida, e, embora dê muita atenção à dimensão política do guerrilheiro, também o humaniza, mostrando que mantinha estreita amizade e cumplicidade com alguns de seus companheiros de luta. A sua relação com o filho, Carlinhos, é fundamental à trama, no intuito de revelar a face mais sensível, protetora, do homem por muito tempo representado pelos discursos da direita como um fanático sanguinário.

É também emocionante a delicadeza com que o filme nos traz o relacionamento de Marighella com a mulher que amava, Clara (Adriana Esteves, em uma pequena porém marcante participação). Sempre tensa, preocupada, e relutante em apoiar todos os seus atos, ela acompanha à distância, pelo noticiário, os desdobramentos da luta armada, e os movimentos na vida de seu “Preto”, como ela o chama.

Se Moura opta por nuançar a figura de seu protagonista por meio de pequenas cenas, sutis, delicadas, o diretor investe com determinação na potência nas sequências de ação e violência. Algumas são de intensa beleza, como aquela em que o personagem Jorge (o ótimo Jorge Paz), guerrilheiro cearense do círculo mais próximo de Marighella, pai de três filhos, foge da polícia, após ser alertado por Humberto (Humberto Carrão, excelente), em um dos momentos mais emocionantes e bem filmados do longa-metragem.

Já outras cenas, sobretudo as que envolvem tortura, muitas delas sob o comando do delegado Lúcio (um assustador Bruno Gagliasso), são bem difíceis de assistir. Gráficas, funcionam como uma espécie de grito de alerta, para que não esqueçamos do que um Estado autoritário e tirano é capaz de fazer.

Para além do ideário político de Wagner Moura, do que ele defende de maneira por vezes quase evidente demais nas 2h30 de seu filme, Marighella também traz um cinema vigoroso, que revela o nascimento de um cineasta inquieto e promissor, que fez um dos melhores filme lançados neste ano.

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