Se 18 milhões de espectadores pagaram para assistir à comédia dramática Não Aceitamos Devoluções no México, descartá-la como um filme qualquer é, no mínimo, temerário. Vale a pena investigar o porquê de tamanho sucesso.
Escrito, dirigido e interpretado por Eugenio Derbez, um dos maiores astros do México, a produção não tem o menor pudor de ser escancaradamente popular em um país com forte tradição desse tipo de cinema, desde os tempos de Cantinflas (1911-1993). Isso já explica, em parte, o seu êxito.
Derbez vive sem compromisso com o realismo o papel de Valentin, um solteirão playboy que vive la vida loca em Acapulco, onde troca de namoradas como quem muda de camisas. Até o dia em que uma delas, a norte-americana Julie (Jessica Lindsey), bate a sua porta e lhe entrega um bebê, no melhor estilo “toma que o filho é teu”.
Derbez vive sem compromisso com o realismo o papel de Valentin, um solteirão playboy que vive la vida loca em Acapulco.
A mãe desaparece e volta para a Califórnia, deixando com ele a criança, uma menina chamada Maggie. Sem saber o que fazer, resolve ir atrás de Julie nos Estados Unidos, onde acaba se estabelecendo, meio ao acaso, como dublê de cinema e tevê.
Parecido com Três Solteirões e Um Bebê (1987), o filme também tem fortes ecos de A Vida É Bela: assim como o personagem de Roberto Benigni no filme vencedor do Oscar, Valentin cria um mundo de fantasia para a filha, no qual sua mãe não a abandonou, mas sim partiu para uma vida de aventuras. Até o dia em que Julie reaparece, colocando a frágil felicidade de pai e filha em risco.
Assumidamente melodramático, e ingênuo em sua construção, sem qualquer pacto com a verossimilhança, Não Aceitamos Devoluções é um filme de forte comunicação com o público, e pode irritar bastante espíritos mais exigentes, ou empedernidos. Porém, a inegável química entre Eugenio Derbez e da atriz mirim Loreto Peralta, que vive Maggie na fase mais crescida, fazem enorme diferença, e o roteiro, apesar de apelativo, tem lá suas surpresas e encantos.
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