• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Cinema

‘A Paixão Segundo G. H.’ emula a linguagem poética e fragmentada de Clarice Lispector

A questão social e racial, apenas insinuada de 'A Paixão Segundo G.H.', é explorada com sensibilidade e profundidade na adaptação cinematográfica dirigida por Luiz Fernando Carvalho.

porPaulo Camargo
16 de abril de 2024
em Cinema
A A
Maria Fernanda Cândido vive a protagonista de 'A Paixão Segundo G.H.'. Imagem: Divulgação.

Maria Fernanda Cândido vive a protagonista de 'A Paixão Segundo G.H.'. Imagem: Divulgação.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

No apertado quarto da empregada, envolto pela penumbra e pelo cheiro de umidade, G.H., uma mulher esguia, de traços aristocráticos, mergulha em um momento que mudará sua visão do mundo para sempre. Naquele ambiente sombrio e miserável, que contrasta com o luxo do resto do apartamento, ela se depara com uma presença inesperada: uma barata, símbolo de tudo o que é repulsivo e indesejável. Essa simples criatura desencadeia uma série de pensamentos e sensações em G.H., abrindo as comportas para uma torrente de reflexões e sentimentos até então desconhecidos.

O que torna essa experiência tão marcante não é apenas o encontro em si, mas a maneira como Clarice Lispector o transforma, no romance A Paixão Segundo G.H. (1964), em uma jornada metafísica, uma busca incessante por significado e transcendência por meio da linguagem escrita. G.H. é levada a explorar os recessos mais profundos de sua própria alma, confrontando-se com as questões fundamentais da existência humana.

Luiz Fernando Carvalho, um especialista em capturar a essência de obras literárias complexas, aceitou o desafio de adaptar essa experiência para o cinema. Reconhecido por sua sensibilidade e habilidade em traduzir narrativas intrincadas para a tela, ele se propôs a criar um filme que estivesse à altura da genialidade de Clarice Lispector e fosse fiel a ela, sem abrir mão da reinvenção.

Carvalho já adaptou com maestria para o cinema Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar, e, para a televisão, Dom Casmurro, de Machado de Assis, obra que originou a minissérie Capitu, que traz no papel-título a atriz Maria Fernanda Cândido, também protagonista de A Paixão Segundo G.H.

A jornada de G.H. em direção ao desconhecido é marcada por uma série de flashbacks, nos quais somos apresentados ao seu mundo de privilégios e superficialidades.

Desde os primeiros momentos do filme, somos imersos em uma atmosfera densa e intrigante. Os sons da máquina de escrever ressoam no ar, criando uma sensação de urgência e expectativa. As imagens, carregadas de simbolismo, nos transportam para o mundo interior de G.H., onde as fronteiras entre realidade e imaginação se confundem. Maria Fernanda Cândido impressiona como a protagonista.

A jornada de G.H. em direção ao desconhecido é marcada por uma série de flashbacks, nos quais somos apresentados ao seu mundo de privilégios e superficialidades. Essas cenas são contrastadas com a presença da empregada negra, Janair (Samira Narcassa), cuja figura enigmática e silenciosa lança uma sombra sobre a vida luxuosa de G.H. A questão social e racial, apenas insinuada no livro, é explorada com sensibilidade e profundidade na adaptação cinematográfica. Afinal, estamos em 2024.

O filme não se contenta em simplesmente reproduzir a trama do livro, mas busca emular a linguagem poética e fragmentada de Clarice Lispector. Os recursos audiovisuais são utilizados de maneira criativa e inventiva, capturando a essência da narrativa em fluxo de consciência de forma surpreendente.

Os encontros de G.H. com a barata são momentos de intensa experiência sensorial, nos quais ela é confrontada com a fragilidade e a efemeridade da vida. A cena é construída com maestria, alternando entre o horror e a contemplação, enquanto G.H. se vê obrigada a confrontar sua própria mortalidade e fragilidade, como ela mesma descreve.

A presença constante da barata ao longo do filme evoca uma sensação de inquietude e desconforto. A interação entre imagem, palavra, ruídos e música cria uma atmosfera envolvente e perturbadora, que nos transporta para o mundo interior de G.H.

Em suma, a adaptação de Luiz Fernando Carvalho oferece uma interpretação única e envolvente da obra de Clarice Lispector. Seu filme é mais do que uma simples transposição para a tela; é uma jornada sensorial e emocional que enriquece e amplia o universo da autora, proporcionando uma experiência cinematográfica única e memorável, por mais desconcertante que possa ser para alguns.

ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA

Que tal apoiar a Escotilha? Assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 15,00 mensais. Se preferir, pode enviar uma contribuição avulsa por PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.

CLIQUE AQUI E APOIE

Tags: A Paixão Segundo G.H.Cinema BrasileiroClarice LispectorLuiz Fernando CarvalhoMaria Fernanda Cândido

VEJA TAMBÉM

Imagem: Reprodução.
Cinema

Na 49ª Mostra Internacional de Cinema, São Paulo volta a ser capital mundial das imagens

15 de outubro de 2025
'O Último Episódio': angústia adolescente. Imagem: Filmes de Plástico / Divulgação.
Cinema

‘O Último Episódio’ aposta na nostalgia para falar sobre as dores do crescimento

9 de outubro de 2025

FIQUE POR DENTRO

Imagem: Reprodução.

Na 49ª Mostra Internacional de Cinema, São Paulo volta a ser capital mundial das imagens

15 de outubro de 2025
Remake chega ao final na próxima sexta-feira. Imagem: TV Globo / Divulgação.

‘Vale Tudo’ é um reflexo embaçado do Brasil

15 de outubro de 2025
'O Último Episódio': angústia adolescente. Imagem: Filmes de Plástico / Divulgação.

‘O Último Episódio’ aposta na nostalgia para falar sobre as dores do crescimento

9 de outubro de 2025
Autor húngaro recebeu a premiação da Academia Sueca em 2025. Imagem: Niklas Elmehed / Reprodução.

László Krasznahorkai vence o Prêmio Nobel de Literatura de 2025

9 de outubro de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.