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‘Retrato de uma Jovem em Chamas’ é obra-prima sobre a potência do olhar

Escolhido pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema o melhor filme estrangeiro de 2020, o extraordinário 'Retrato de uma Jovem em Chamas' é uma história de amor e arte entre mulheres no século 18.

porPaulo Camargo
20 de maio de 2021
em Cinema
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'Retrato de uma Jovem em Chamas', obra-prima da cineasta francesa Céline Sciamma

'Retrato de uma Jovem em Chamas', obra-prima da cineasta francesa Céline Sciamma. Imagem: Reprodução.

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Em uma ilha na costa da Bretanha, região noroeste da França, a pintora Marianne chega, em um barco, para realizar um trabalho. Estamos no século 18 e as artistas mulheres, embora existam, ocupam um espaço restrito. Podem ser professoras, mas os temas que têm permissão de retratar nas suas telas, aos menos aquelas que serão expostas ao público, são limitados. Cabe aos homens decidir o que é adequado, conveniente. Ironicamente, no extraordinário Retrato de uma Jovem em Chamas, longa-metragem da cineasta francesa Céline Sciamma, os personagens masculinos não vão muito além de figurantes. Quando desembarca em seu destino, para realizar a sua missão, Marianne (Noémie Marlant) adentra um território quase inteiramente feminino. Os homens desaparecem.

A pintora foi contratada por uma rica condessa italiana (Valeria Golino) para realizar uma tarefa difícil: fazer o retrato de sua filha Héloise (Adèle Haenel), jovem aspirante à vida religiosa que tem seu destino alterado por uma tragédia familiar. A irmã, prometida a um nobre de Milão, suicidou-se, atirando-se de um dos penhascos da ilha. Cabe, então, a Heloise assumir seu lugar no matrimônio por conveniência. Para que o futuro noivo conheça sua aparência, é preciso que lhe seja enviado um quadro, mas, inconformada, ela se recusa a posar. Tanto que o último artista a quem coube o trabalho foi rechaçado violentamente.

A esperança da mãe é que Marianne, por ser mulher, consiga, senão quebrar a resistência de Héloise, ao menos com ela possa conviver por tempo suficiente para guardar seus traços na memória para realizar o quadro. A condessa deseja que o casamento aconteça o mais rápido possível e, assim, apagar o rastro de tristeza (e vergonha) deixado pela morte da outra filha.

Vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes 2019 (o de 2020 não aconteceu por causa da pandemia) e escolhido pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) como o melhor filme estrangeiro exibido no Brasil ano passado, Retrato de uma Jovem em Chamas é uma história de amor e arte. Fala sobre a potência do olhar.

Um amor intenso, carnal, fotografado com maestria por Claire Mathon, que capta com suas lentes toda a sensualidade dos corpos femininos, sem oferecê-los ao deleite fetichista do olhar masculino.

Como não pode revelar o porquê de sua presença na ilha, Marianne busca captar a essência de Héloise, a observando atentamente, a prestar atenção em cada gesto, nas mínimas expressões faciais da jovem, que também reage ao se perceber objeto dessa mirada tão interessada, que a investiga para além de sua aparência física. Assim, ela também passa a olhar Marianne com atenção. Dessa reciprocidade, nasce uma grande paixão.

Em uma paísagem onde a natureza transborda, sob a forma de terra, céu e mar, o fogo, literal e simbolicamente, irrompe sem aviso, incendiando as telas, tanto aquela em que Héloise é retratada quanto aquela em que vemos esse arrebatamento acontecer. Um amor intenso, carnal, fotografado com maestria por Claire Mathon,  capta com suas lentes toda a sensualidade dos corpos femininos, que se revelam e se escondem, sem oferecê-los ao deleite fetichista do olhar masculino.

O filme trata de um amor entre mulheres, desafiador aos padrões morais da época, mas também fala de sororidade: é tocante a união de esforços de Marianne e Héloise para ajudar a criada Sophie (Luana Bajrami) a lidar com uma gravidez indesejada. É o feminino que supera barreiras sociais.

Com um desfecho belíssimo, que mais uma vez se dá por meio de um olhar, Retrato de uma Jovem em Chamas é um daqueles filmes que nos impregnam aos poucos e se instalam no espectador, para acompanhá-lo por horas, dias. Uma maravilhosa experiência estética.

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Tags: Adèle HaenelCéline SciammaCinemaCinema QueerCrítica CinematográficaFestival de CannesFilm ReviewlesbianismoLGBTQI+Movie ReviewNoémie MarlantqueerResenhaRetrato de uma Jovem em ChamasValeria Golino

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