Uma das surpresas de 2013, o thriller de ação Truque de Mestre rendeu um pouco mais de US$ 350 milhões no mundo todo, cifra que explica a opção pelo inevitável: realizar uma sequência. Mas se o primeiro filme tinha lá seu charme, e se assistia sem sofrer e até com certo prazer (culpado), o mesmo não pode ser dito de Truque de Mestre: 2.º Ato, que ficou mais grandiloquente e pirotécnico do que o original, mas não consegue cativar o espectador, à revelia do roteiro frenético, cheio de reviravoltas, e da abundância de efeitos visuais. É só embalagem nas mãos do norte-americano Jon M. Chu (de G.I. Joe: Retaliação), que substituiu o francês Louis Leterrier na direção.
Jesse Eisenberg (de A Rede Social) está de volta ao papel de Michael Atlas, o líder carismático de um grupo de ilusionistas chamado The Four Horsemen, em referência aos Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Estão de volta Woody Harrelson (agora em papel duplo), Dave Franco, Morgan Freeman…
Se no primeiro filme, a trupe era uma gangue que, enquanto encantava o público, realizava roubos espetaculares, neste segundo episódio ela já não está exatamente do outro lado da lei. Eles com o agente do FBI Dylan Hobbs (Mark Ruffalo), que os perseguiu enlouquecidamente no episódio original, uma aliança forçada, que de certa maneira rouba da trama quase toda sua magia: para que transformar a gangue, que agora ressurge com uma integrante feminina, Lula (Lizzy Kaplan, do seriado Masters of Sex), em mocinhos com traços heroicos?
Se no primeiro filme, a trupe era uma gangue que, enquanto encantava o público, realizava roubos espetaculares, neste segundo episódio ele já não está exatamente do outro lado da lei.
O quarteto agora volta à cena em Macau, na China, para realizar o maior de todos os seus golpes, mas sob a coação de um novo vilão, Walter, ninguém menos do que Daniel Radcliffe, que tenta a todo custo deslanchar como ator adulto, mas ainda parece preso ao personagem que o tornou famoso, Harry Potter. É visível seu esforço, e ele parece ter potencial dramático, mas ainda não encontrou o veículo certo para consolidar essa transição, ao contrário de sua companheira de elenco, Emma Watson, estrela da nova versão de A Bela e a Fera, dos Estúdios Disney, que estreia ano que vem.
Ainda que muito bem realizado do ponto de vista técnico, e com um ritmo eletrizante em alguns poucos momentos, Truque de Mestre: 2.º Ato frustra, e muito. As artimanhas narrativas, mais eficazes no original, mostram-se frouxas, desinteressantes, e os personagens estão mais rasos do que nunca, com bem menos charme. Ainda assim, há um terceiro longa em pré-produção no caso deste emplacar. Hollywood, afinal, não resiste à magia do dinheiro tilintando no caixa.
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