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‘Os Donos da Rua’ e Inumanos: meios e fins

'Os Donos da Rua' apresenta a possibilidade de escolhas e suas consequências, assim como os Inumanos (Aori e Babão) em "Seja o Líder".

porGuylherme Custódio
24 de julho de 2017
em À Margem
A A
‘Os Donos da Rua’ e Inumanos: meios e fins

Imagem: Reprodução.

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O início: nascer em um bairro violento onde armas e drogas são comuns.

O meio: ter a opção de escolher entre as gangues ou os estudos.

O fim: você decide.

Essa associação entre causa e consequência é o que dá a tônica de Os Donos da Rua (1991), filme escrito e dirigido por John Singleton e diretamente relacionado à música “Seja o líder”, da dupla carioca Inumanos.

Na obra cinematográfica, a imersão no ambiente hostil se dá desde o começo, quando é citada uma estatística (Um em cada 21 negros será assassinado nos Estados Unidos. A maioria será morta por outro negro) e a primeira imagem traz a mensagem explícita presente em uma placa de “Pare”.

Para tentar frear essa estatística o personagem Furious Styles (Laurence Fishburne) orienta o seu filho Tre (representado inicialmente por Desi Arnez Hines II e depois por Cuba Gooding Jr) para que ele assuma suas responsabilidades e tome as rédeas da própria vida.

Isso faz com que os amigos de infância de Tre vejam seu pai como alguém mau. No entanto, o seu rigor e os ensinamentos terão um reflexo direto nas escolhas e no rumo da sua vida. Isso se mostra, por exemplo, no momento em que ambos estão na praia conversando e o adulto pede para que a criança repita as regras de conduta ensinadas por ele anteriormente. Antes disso, Tre estava na rua com os colegas e dois deles decidem ir até uma loja mesmo sem ter dinheiro. Quando os dois voltam para casa, a polícia está prendendo Chris e Doughboy, que depois de voltar da cadeia é interpretado pelo então estreante Ice Cube.

Desde então, as escolhas de Tre ficam claras e reverberam por toda a obra, afinal, nem mesmo as condições adversas do ambiente externo são suficientes para que o personagem quebre as regras impostas e ensinadas no ambiente interno familiar.

Esse caminho tomado por ele é o mesmo demonstrado pelos Inumanos em “Seja o líder”, em que o MC Aori procura transmitir uma mensagem consciente como a de Furious invés de se deixar influenciar e, consequentemente, influenciar os demais a agirem como Doughboy.

‘Rio de Janeiro onde o governo tem empresas / Onde só ele que lucra, você pode ter certeza / Comércio selvagem num esquema de franchising / lojas chamadas bocas aparecem na paisagem / a mão de obra é farta e barata / pra subir de cargo os preto se mata’. Inumanos – Seja o Líder

Presente no disco Volume 10 (2005), a canção cita diretamente a obra cinematográfica como uma referência que teria influenciado Aori tanto na composição em questão quanto na própria vida.

Esse traço biográfico está presente em ambas as obras, uma vez que o diretor do filme cresceu na mesma região onde a história se passa, enquanto na música o mestre de cerimônias relata as dificuldades de quando morava com a mãe e a avó na Rua dos Inválidos, na Lapa, onde sofria com os alagamentos provocados pela chuva.

No entanto, apesar dessa adversidade, o eu lírico opta por enxergar as oportunidades invés das dificuldades, como se mostra no refrão:

“É só isso que eu tenho a dizer / seja o líder, supere o que esperam de você / Seja o líder nunca olhe pra trás / conhecimento nunca é demais / não importa o que tu faça, nem da onde vem / é preciso ter raça, então se lembre bem / seja o líder, seja o líder, seja o líder / Aori no microfone é claro que é o líder”.

Por outro lado, se na música criada junto ao DJ Babão está ausente a figura paterna, no filme lançado em 1991 ela é determinante, mas também colocada em discussão por meio da mãe de Tre, Reva Devereaux (Angela Bassett), por meio de um diálogo entre os responsáveis:

“Claro que você criou seu filho. Meu filho. Nosso filho. E o ensinou a ser homem. Eu lhe dou esse mérito. Muitos homens não fariam isso. Mas isso não lhe dá nenhuma razão, nenhuma mesmo, para me dizer que não posso ser uma mãe para ele. O que você fez não é diferente do que as mães vêm fazendo desde a pré-história”.

Essa figura paterna, vista pela mãe como tendo feito nada mais que sua obrigação, torna-se uma referência não apenas para Tre, mas também para o seu amigo Ricky (Morris Chestnut), posicionamento esse assumido até mesmo perante pessoas desconhecidas.

É o que se mostra em uma das cenas em que os três vão visitar um imóvel em Compton, onde um senhor e diversos jovens se reúnem ao seu redor para ouvi-lo falar sobre gentrificação e como a comunidade está se matando por meio de armas, bebidas e drogas da maneira como os governantes gostariam.

Esse é também um assunto tratado de maneira direta pela música:

“Rio de Janeiro onde o governo tem empresas / Onde só ele que lucra, você pode ter certeza / Comércio selvagem num esquema de franchising / lojas chamadas bocas aparecem na paisagem / a mão de obra é farta e barata / pra subir de cargo os preto se mata / se cargo lembra carga, responda ao Anaga / a favela é tão pobre, então da onde vem as armas? / Vem de fábricas, direto do estrangeiro / dos mesmos criadores do navio negreiro / América Latina, Palestina ou África / Soma pra uns lucrativa, pra outros trágica / esse é o estilo de vida onde sua vida nada custa / O sistema é uma merda que me frustra”.

No entanto, se Tre e Ricky ouviram e seguiram os conselhos de Furious, a cena posterior mostra que muitos deveriam fazer o mesmo. Aori o fez.

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