A edição do jornal A Tribuna do dia 6 de março de 1968 estampou um anúncio do filme A Guerra dos Monstros (1965), em cartaz em apenas um cinema da capital paulista. A peça descrevia o filme como “o maior duelo entre monstros jamais visto na tela!”. O exagero publicitário é um indício do modo como os filmes da Toho chegavam ao Brasil, sem qualquer contexto ou conexão com outras obras.
O quinto exemplar da franquia Godzilla é uma sequência direta de Ghidrah, o Monstro Tricéfalo (1964), que estreou quase um ano antes nas salas de exibição de São Paulo. Além de ser a primeira produção com o gigante radioativo a reaproveitar cenas de obras como Rodan – O Monstro do Espaço (1956) e Mothra – A Deusa Selvagem (1961), o longa-metragem era bem mais modesto no confronto entre as criaturas quando comparada ao anterior. Logo, o duelo estava longe de jamais ter sido visto na tela.
Esse foi o último longa-metragem de Godzilla feito no mesmo modelo de colaboração mantido desde o original em 1954, com Honda na direção e Eiji Tsuburaya no comando dos efeitos visuais.
Dirigido por Ishirô Honda, A Guerra dos Monstros é ambientado num futuro próximo, nomeado apenas 196X. Por lá, dois astronautas pousam no Planeta X, onde encontram uma raça alienígena que vive escondida abaixo da terra por causa do ataque de uma criatura chamada de Monstro Zero, que na Terra é conhecida como King Ghidorah. Para se livrar da ameaça, os extraterrestres solicitam aos humanos o empréstimo de Godzilla e Rodan, que são abduzidos e levados para o espaço.
Mais uma vez, o roteiro de Shinichi Sekizawa abusa da imaginação do público ao propor que tudo não passa de um plano para que os alienígenas dominem a Terra com Ghidorah, Godzilla e Rodan, controlados por meio de avançados sistemas de computação. Um inventor descobre como interferir no sinal, o que faz com que o lagarto e o pteranodonte enfrentem o dragão de três cabeças para defender os humanos nos últimos minutos da projeção.
A Guerra dos Monstros foi lançado no ápice da popularidade no Japão pelo cinema kaiju na década de 1960. Co-produzido pelo norte-americano Henry G. Saperstein, a obra também teve um forte olhar para o Ocidente, contando com o ator Nick Adams como um dos protagonistas. A esperança de Tomoyuki Tanaka era ampliar o interesse, especialmente o norte-americano, pelas ficções científicas japonesas.
Esse foi o último longa-metragem de Godzilla feito no mesmo modelo de colaboração mantido desde o original em 1954, com Honda na direção e Eiji Tsuburaya no comando dos efeitos visuais. À época, o responsável por dar vida à destruição e aos monstros já tinha criado o próprio estúdio, a Tsuburaya Productions, que iria explodir em popularidade em 1966 com a estreia dos programas televisivos Ultra Q e Ultraman.
Honda, por sua vez, foi avisado por Tanaka que seu contrato fixo com a Toho seria encerrado naquele ano. O diretor ainda continuaria trabalhando com o estúdio, mas os trabalhos seriam negociados filme a filme. Justamente por isso, o cineasta acabaria não trabalhando nos dois títulos seguintes da franquia.
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