Um dos principais nomes da pintura norueguesa, Theodor Kittelsen se tornou conhecido por ilustrar as belas paisagens nórdicas e recriar visualmente algumas das lendas locais. Suas imagens de trolls são particularmente conhecidas fora do país por influenciarem efeitos visuais de franquias como O Hobbit e Frozen.
Kittelsen também é uma das referências diretas para o recente O Troll da Montanha (2022), de Roar Uthaug, que chegou no início deste mês à Netflix. Produção original da plataforma, o filme é uma narrativa kaiju que funciona como uma resposta, quase sete décadas atrasada, para Godzilla (1954), de Ishirô Honda.
Assim como no clássico japonês, há nesse novo filme uma metáfora ambiental, uma discussão política e um espetáculo de efeitos visuais. Na trama, Nora Tidemann (Ine Marie Wilmann) é uma paleontóloga que é chamada às pressas pelo governo para investigar estranhos fenômenos geológicos que passaram a ocorrer depois que uma explosão em uma caverna dá errado durante a construção de uma ferrovia.
Não demora até que a personagem e o público descubram que a explicação está no aparecimento de um gigante troll, que estava adormecido no coração da montanha em que ocorria a obra. A partir daí, a criatura atravessa parte da Noruega em direção a Oslo.
Desde que estreou, ‘O Troll da Montanha’ se mantém como o filme mais visto da Netflix.
Uthaug, que já havia dirigido o filme catástrofe A Onda (2015), tinha a ideia para O Troll da Montanha há quase duas décadas. Enquanto trabalhava no remake de Tomb Raider (2018), o diretor apresentou o projeto aos executivos do estúdio Motion Blur, que decidiram ajudá-lo a tirar o projeto do papel, que mais tarde se tornaria um título exclusivo da Netflix.
Assim como em O Caçador de Trolls (2010), de André Øvredal, o novo longa kaiju da Noruega também se apropria largamente do imaginário criado por Kittelsen. O monstro é praticamente uma reimaginação de algumas das ilustrações do pintor, que imaginava essas criaturas como uma mistura de seres humanos e elementos da natureza.
Há, inclusive, uma referência direta a uma obra assinada pelo artista. Trata-se de O Troll na Karl Johan Street, de 1892, famoso ponto turístico de Oslo. A interação entre os seres humanos, desesperados com a ameaça gigante num cenário urbano é praticamente transposta para a tela por Uthaug.
Desde que estreou na semana passada, O Troll da Montanha se mantém como o filme mais visto da Netflix no Brasil. Os produtores já anunciaram em entrevistas que há planos para pelo menos duas sequências, que foram indicadas em uma cena pós-crédito. Tudo indica o nascimento de uma nova franquia kaiju.
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