Em maio de 2012, o cineasta José Mojica Marins esteve em Curitiba para participar da estreia do espetáculo À Meia-noite Levarei Teu Cadáver, da companhia Vigor Mortis. A peça era uma homenagem ao legado do cineasta paulista, comandada pelo diretor Paulo Biscaia Filho. No fim do espetáculo, o intérprete do personagem Zé do Caixão cumprimentou o público e anunciou aos gritos: “A Praga vem aí!”.
O agouro demorou a acontecer. Isso porque o filme A Praga chega aos cinemas comerciais em diversas cidades do país nesta semana depois de mais de quatro décadas de espera. O roteiro, assinado pelo escritor pulp Rubens Francisco Lucchetti, era de um episódio do programa Além, Muito Além do Além na década de 1960.
O produtor Eugenio Puppo encontrou os rolos em sacos de lixo enquanto preparava uma mostra retrospectiva sobre o cineasta.
Nos anos 1970, Mojica quis levar a história para o cinema, mas o projeto foi engavetado por falta de recursos e os negativos foram dados como perdidos. O produtor Eugenio Puppo, como conta o crítico Marcelo Miranda em uma matéria para a Folha de S. Paulo, encontrou os rolos em sacos de lixo enquanto preparava uma mostra retrospectiva sobre o cineasta.
Em 2007, depois de um intenso trabalho de restauração que virou o documentário A Última Praga de Mojica, exibido antes de A Praga, a obra voltou à etapa de filmagens e ganhou uma dublagem e efeitos visuais.
A trama acompanha um homem que, durante uma viagem, ridiculariza uma velha senhora. Ela, então, lhe joga uma praga que o faz ter terríveis pesadelos e o leva a um estado de loucura e paranoia.
Em maio do ano passado, o filme foi exibido no Cine Passeio, em Curitiba, em uma sessão especial. Uma década depois do anúncio do próprio Mojica. O diretor não chegou a ver o lançamento da obra, pois morreu em 2020.
Diferenças para outros trabalhos
A Praga difere de outros trabalhos de José Mojica Marins por ele não atuar, sendo apenas o narrador que convida o espectador a mergulhar na história de Juvenal (interpretado por Felipe Von Rhein), jovem que ignora os perigos de se aproximar de uma velha senhora, provocando-a até que ela despeje sua ira nele.
O filme inicia com um relato de Puppo sobre o seu trabalho com Mojica, apresentando os bastidores da trama que será mostrada na sequência. Cenas do diretor atrás das câmeras, preparando sua fala e concentrando para entrar em cena são os motes do direcionamento dado por Eugenio.
A primeira exibição pública do longa-metragem A Praga se deu durante o Festival de Cinema de Sitges, na Espanha, em 2021. De lá, o título passou pelo Fantasporto International Film Festival (Portugal), Toronto Film Festival (Canadá), Festival do Rio e Sinistro Film Festival (Fortaleza).
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