No início dos anos 2000, o cineasta Mick Garris reuniu um grupo de diretores de filmes de horror para um jantar em um restaurante nos arredores de Los Angeles. Entre os convidados estavam John Carpenter, Don Coscarelli, John Landis e Tobe Hooper. O mexicano Guillermo Del Toro, supostamente, teria descrito o grupo como “Mestres do Horror” a uma desconhecida que celebrava o aniversário no mesmo local.
O evento virou uma espécie de tradição entre os grandes nomes do gênero. Dario Argento, Eli Roth, Wes Craven, James Wan, Tom Holland, Stuart Gordon, Robert Rodriguez e até Quentin Tarantino participaram de, ao menos, uma edição dessa celebração. Durante essas reuniões, eles discutiam projetos, debatiam os desafios da indústria cinematográficas e comentavam seus próprios medos.
“Quando fazemos esses jantares, reunimos o maior número de desajeitados e excluídos que eu já vi”, brincou Garris em uma das edições de seu podcast Post Mortem. Embora sejam de gerações diferentes, esses cineastas partilham de um conjunto de experiências e visões de mundo. A maior parte teve contato com o horror ainda criança, lida com o medo como um sentimento que os fortalece e adora embutir comentários sociais em suas produções.
Garris continua organizando os jantares da sua patota do horror – o último foi em homenagem a Wes Craven, que morreu em 2015.
É de um desses jantares que nasceu a série Mestres do Horror, exibida nos Estados Unidos pelo canal Showtime entre 2005 e 2007. A atração televisiva contou com duas temporadas de 13 episódios. Ao estilo de Além da Imaginação e Contos da Cripta, cada capítulo apresentava uma história nova, dirigida por um grande nome do gênero, que tinha liberdade criativa para criar o que quisesse (desde que se mantivesse dentro do orçamento e do tempo pré-estabelecido para as filmagens).
Landis, Hooper, Coscarelli, Carpenter e Argento foram alguns dos nomes que tocaram o projeto. Garris, que era produtor executivo, concebeu o programa como uma espécie de marco do horror, para consolidar diferentes visões sobre o gênero e explorar sua diversidade. Segmentos mais sérios e violentos eram intercalados com histórias leves e bem humoradas. Autores como Edgar Allan Poe, H.P. Lovecraft, Richard Matheson e Clive Barker tiveram contos adaptados para o seriado.
Cancelado por falta de audiência, Mestres do Horror meio que seguiu adiante em uma informal terceira temporada com a série Fear Itself, exibida pela NBC em 2008. Novamente, a ausência de telespectadores levou a um encerramento precoce do programa após a primeira temporada.
Garris criou um programa de entrevistas (que viraria seu podcast) para manter contato com os colegas que trabalham com o gênero e continua organizando os jantares da sua patota do horror – o último foi em homenagem a Wes Craven, que morreu em 2015. E de lá ainda surgem novos projetos. O exemplar mais recente dessa rede de colaboração é a antologia Nightmare Cinema (2018), que reúne curtas-metragens dirigidos por Joe Dante, David Slade, Ryûhei Kitamura e Alejandro Brugués, além do próprio Mick Garris.
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