Este 2015 pode ser lembrado como um ano bastante difícil para todo mundo. Felizmente, isso não é exatamente verdade para o cinema de horror. Ao longo dos últimos 12 meses, os fãs do gênero foram brindados com o lançamento de obras como A Corrente do Mal (leia mais), O Babadook e Boa Noite, Mamãe. Embora tenham circulado por festivais em 2014, as três produções caíram nas graças do povo ainda no primeiro semestre.
As três tramas se aproximam por terem um elenco formado por rostos praticamente desconhecidos, não abusarem de efeitos visuais e por deixar muitos elementos para a imaginação do público. São narrativas sobre aparências, sobre fantasmas amorfos que perseguem jovens que fazem sexo, monstros invisíveis que vivem em livros infantis e mães que podem ter sido trocadas.
É claro que o horror em 2015 não se resume a esses três títulos. O gênero marcou presença também entre os blockbusters. O maior sucesso de bilheteria do verão americano foi um filme de monstro descarado. Em uma releitura de Frankenstein com dinossauros, Jurassic World colocava uma criatura sedenta por sangue correndo atrás de crianças com os dentes afiados (leia mais).
Jurassic World, o maior blockbuster do verão norte-americano, é um filme de monstro sem vergonha. Claramente, um horror para menores de 13 anos.
No Brasil, teve homenagem ao Zé do Caixão em minissérie do Space, relançamento da biografia de José Mojica Marins e exposição em São Paulo (leia mais). Uma dezena de obras nacionais também chegou aos cinemas e aos festivais especializados para calar a boca de qualquer um que diga que não existe horror por aqui (leia mais).
O ano também teve muitos fracassos. O maior deles foi a refilmagem de Poltergeist: O Fenômeno. O diretor Gil Kenan (A Casa Monstro) até que se esforçou, mas a produção não chega perto de abalar o estilo de vida norte-americano como fez o original. O uso de computação gráfica excessivo e a falta de carisma dos protagonistas contribuíram para o naufrágio nas bilheterias. Quem em sã consciência achou que era uma boa ideia substituir Zelda Rubinstein por Jared Harris?
Dois dos meus filmes favoritos deste ano são de procedência duvidosa. O primeiro deles é Terror nos Bastidores (2014). A premissa parece ter sido emprestada de O Último Grande Herói (1993): um grupo de adolescentes, para fugir de um incêndio, entra em uma tela de cinema e vai parar dentro de uma fita de horror da década de oitenta, um slasher idêntico à Sexta-Feira 13 (1980).
A narrativa brinca com clichês do subgênero à exaustão. Sexo é uma sentença de morte. O vilão tem um histórico de violência na infância. Tudo se passa em um acampamento de verão. De certa forma, o longa-metragem de Todd Strauss-Schulson serve como um comentário metalinguístico sobre o cinema de horror – algo semelhante ao que Wes Craven e Kevin Williamson fizeram em Pânico (1996).
Outra produção questionável que gostei muito, mas quase ninguém viu, foi Stung. Estreia de Benni Diez na direção, a obra mostra uma festa que é repentinamente estragada pela aparição de insetos gigantes que se multiplicam exponencialmente. Vespas monstruosas saem de dentro de pessoas, cachorros e vacas. Tem muito gore, humor, romance e efeitos visuais práticos incríveis.
Esta breve retrospectiva não leva em conta um monte de outros títulos que não vi ou citei aqui. É o caso de The Witch, Krampus, Amizade Desfeita (leia mais), O Presente (leia mais), Bone Tomahawk, A Visita (leia mais), A Colina Escarlate (leia mais) e A Entidade 2 (leia mais), entre outros. A ideia era só lembrar que o 2015 foi um ano legal para o gênero. Vamos torcer para que 2016 seja ainda melhor.