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O circo como um espaço do horrível

A partir do romance nacional 'Ele Tem o Sopro do Diabo nos Pulmões', coluna discute a representação do horror nos espetáculos circenses.

porRodolfo Stancki
16 de novembro de 2016
em Espanto
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O circo como um espaço do horrível

Imagem: Reprodução.

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Ele Tem o Sopro do Diabo nos Pulmões, primeiro romance do escritor mineiro Marcelo Amado, se passa nos bastidores de um circo de horror na Era vitoriana. A obra, lançada há alguns meses pela editora paranaense Estronho, retrata um aspecto mais sombrio do imaginário circense.

O livro acompanha Serge Tissot, empresário que herda uma trupe do pai adotivo e a transforma em uma equipe de um show de horrores. O time é formado por tipos perigosos, como ladrões, assassinos e criaturas que se alimentam de sangue. As apresentações se dividem em espetáculos abertos, com números mais conservadores para o público, e fechados, voltados para a tortura de seres humanos.

O autor parece menos interessado em assustar os leitores, do que os fascinar com uma galeria de personagens e eventos estranhos que se desenvolvem no circo, chamado de Le Monde Bizarre. A estratégia lembra a trama de Freaks (1932), de Tod Browning. No clássico do cinema marginal, o foco também está mais no ambiente e no convívio por trás do picadeiro do que nas convenções estabelecidas pelo horror.

O filme de Browning, aliás, é o primeiro na lista de produtos culturais que mostram o universo circense drasticamente distinto da lúdica representação que habita o senso comum. Os artistas, nessas narrativas, são seres cruéis, dispostos a roubar e matar sem muitos escrúpulos. Quando mais decadente a reputação do show, mais perigosos esses personagens tornam-se – basicamente o estado da trupe que sequestra crianças para o Pinguim em Batman – O Retorno (1992), de Tim Burton.

É possível pensar que o circo, enquanto forma de espetáculo popular, tenha uma capacidade de permitir que a plateia efetivamente visite mundos novos. Dentro da lona é como a sala de cinema, onde o improvável e o fantástico ganham vida.

P.T. Barnum (1810 – 1871), verdadeiro magnata da indústria de entretenimento do século XIX, enxergava o circo como um lucrativo negócio que poderia atrair o público pelo interesse no horrível. Seu museu de excentricidades tornou famosa a prática de viajar com apresentações itinerantes de sereias, anões e mulheres barbadas. Era um show de humilhações e enganações que evoluiriam para o que Muniz Sodré chama de estética do grotesco.

A ideia do picadeiro como um lugar habitado pelo horror permanece mesmo em representações mais convencionais. É o caso de O Maior Espetáculo da Terra (1952), de Cecil B. DeMille, que venceu o Oscar de melhor filme em 1953. Na trama, James Stewart vive Buttons, um palhaço que usa a maquiagem e a agitada rotina circense para fugir da polícia, pois é procurado pelo assassinato da esposa.

No Brasil, esse aspecto horrível do circo pode ser ainda mais acentuado por causa de uma tragédia. Em 1961, um incêndio criminoso destruiu o Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, e matou cerca de 500 pessoas. O caso se tornou emblemático por ser a maior catástrofe urbana do país e por ter sérios desdobramentos políticos e culturais. O tema é abordado no livro O Espetáculo Mais Triste da Terra, do jornalista Mauro Ventura, e em um excelente episódio especial do programa Linha Direta: Justiça.

É possível pensar que o circo, enquanto forma de espetáculo popular, tenha uma capacidade de permitir que a plateia efetivamente visite mundos novos. Dentro da lona é como a sala de cinema, onde o improvável e o fantástico ganham vida. Trapezistas desafiam a gravidade, domadores provocam leões e motoqueiros tentam por fim na própria existência dentro do globo da morte. É natural que o horror, o humor e o drama façam parte desse jogo.

Em Ele Tem o Sopro do Diabo nos Pulmões, porém, o vínculo com o horrível não é somente figurativo. Os primeiros capítulos se passam literalmente no inferno, de onde surgem alguns dos estranhos personagens imaginados por Amado.

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