Depois do sucesso de O Monstro do Mar (1953), o cineasta Eugène Lourié passou a receber ofertas de projetos semelhantes com monstros gigantes. A estreia de Godzilla (1954) ajuda a solidificar o gênero no imaginário do público, o que gerou uma demanda ainda maior dos estúdios por uma nova narrativa kaiju no Ocidente.
O diretor francês até que tentou se aventurar em outras obras, como O Monstro de Nova York (1958), mas sem o mesmo sucesso. No fim da década, executivos ofereceram a Lourié um enredo sobre uma grande bolha radioativa que atacava Londres. O conceito o atraiu para o projeto que logo se tornaria O Monstro Submarino (1959).
O roteiro da obra foi assinado pelo próprio cineasta, ao lado de Daniel Lewis James – este só receberia os devidos créditos pelo texto nos anos 90, pois nos anos 50 estava com o nome na lista negra de Hollywood por vínculos com o partido comunista. Por pressão dos estúdios da Allied Artists, o monstro precisou ser reformulado e passou a ser um dinossauro marinho.
O stop motion é supervisionado pelo veterano Willis O’Brien, que faz o que pode com os recursos que dispõe. O resultado parece inacabado.
A transformação do monstro em uma criatura pré-histórica tornou O Monstro Submarino uma cópia barata de O Monstro do Mar. Um desavisado facilmente pode confundir as duas produções, especialmente levando em conta as similaridades dos títulos nacionais.
O que diferencia o segundo do primeiro é a gravidade dos efeitos do dinossauro radioativo. Por onde passa, a criatura provoca mortes que são graficamente mostradas na tela. Nem mesmo crianças estão a salvo do rastro de destruição do bicho. Na maior parte do tempo, o público apenas observa os estragos. O monstro mesmo só aparece depois de quase uma hora de projeção.
A falta de orçamento também afasta O Monstro Submarino do primeiro filme de Eugène Lourié. Se em O Monstro do Mar os efeitos eram assinados por um inspirado jovem Ray Harryhausen, aqui o stop motion é supervisionado pelo veterano Willis O’Brien, que faz o que pode com os recursos que dispõe. O resultado parece inacabado. A ponto de a produção usar marionetes estáticas ao estilo de Reptilicus (1961) em determinados momentos, precárias mesmo para os padrões da época.
No Brasil, O Monstro Submarino chegou aos cinemas em janeiro de 1960. Não impressionou a crítica. Em uma edição do Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, um jornalista associa o filme a uma corrente de produções “plagiárias de King Kong”. Também destaca a participação de Gene Evans no elenco, “o único bem conhecido entre os atores, que nada precisam fazer porque a inépcia da equipe faz tudo”.
Lourié lançaria mais uma obra de monstro gigante, Gorgo (1961). Desta vez, porém, deixaria de lado o stop motion para se inspirar no suitmation usado pelos japoneses em Godzilla.
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