Lançado diretamente para os serviços de vídeo on demand durante a pandemia do coronavírus no fim de 2020, Amor e Monstros (2020) é um sopro de esperança para uma sociedade que vislumbra viver num mundo pós-apocalíptico. Ao contrário de outras narrativas-catástrofes com monstros gigantes, o filme dirigido por Michael Matthews é uma ode ao otimismo.
A história começa bastante sombria. Em uma narração, Joel (Dylan O’Brien) conta ao público como o mundo chegou ao fim. Cientistas conseguem barrar a queda de um meteoro que iria colidir com a Terra, mas os destroços que caem por aqui afetam a genética de insetos, anfíbios e crustáceos, que se tornam monstros gigantes devoradores de seres humanos.
Aos poucos, a trama abandona o horror e o romance para se dedicar na jornada do personagem pela aceitação de que talvez seja possível uma vida pós-apocalíptica.
Nessa nova realidade, os sobreviventes vivem em colônias isoladas, com medo das ameaças que estão sempre à espreita. Joel divide um bunker com vários casais, sozinho e sem contribuir muito para sua comunidade. Covarde, sonha em um dia reencontrar uma ex-namorada, que está em um abrigo a centenas de quilômetros de distância. Quando um amigo é morto por uma formiga gigante, o protagonista decide encarar as gigantescas ameaças e ir atrás de sua amada.
Amor e Monstros parece emprestar parte de sua estrutura de Zumbilândia (2009), de Ruben Fleischer. Em sua jornada romântica idealizada, o protagonista cruza o caminho com um sujeito mal humorado que cumpre o papel de mentor, vivido por Michael Rooker. É ele quem apresenta uma série de regras sobre esse novo mundo, indicando inclusive como agir diante de certos tipos de criaturas.
Da comédia de horror de 2009, a obra de Mathews também empresta o tipo de piada, trabalhando com costuras de referências pops. A presença dos monstros diferencia bastante as duas produções, visto que, aqui, o acabamento é mais caro e a construção de universo é mais detalhada. Cada elemento do cenário, quando o plano é amplo, estimula o espectador a criar uma história sobre o que vê.
O roteiro, assinado por Brian Duffield (Ameaça Profunda), é esperto ao desconstruir as expectativas do público. Aos poucos, a trama abandona o horrífico e o romântico para se dedicar na jornada do personagem pela aceitação de que talvez seja possível uma vida pós-apocalíptica. Basta ter cuidado e saber aproveitar as coisas boas.