Há 54 anos no ar, a franquia Scooby Doo esteve na televisão da sala de diferentes gerações. A fórmula é mais ou menos a mesma desde então: em cada episódio, um grupo de jovens que vivia numa van investiga a apariação de um monstro que, depois, se revela o disfarce de um criminoso.
Desde os anos 80, no entanto, os detentores dos direitos dos personagens começaram a brincar com o conceito, e passaram a explorar a natureza de horror da série. O especial Scooby Doo e a Escola dos Monstros (1988), exibido à exaustão na TV brasileira durante a década seguinte, é um dos primeiros exemplos disso. Mas foi somente neste ano que a franquia assumiu o lado mais visceral do gênero, com o lançamento de Velma pelo serviço de streaming HBO Max. O desenho é voltado para adultos, na mesma onda de produções como Rick and Morty, disponível na mesma plataforma, e BoJack Horseman, da Netflix.
Criada pelo roteirista Charlie Grandy, que trabalhou em programas como The Office e Saturday Night Live, a animação usa toda a trupe da Máquina de Mistério – com exceção de Scooby Doo. O foco é em Velma, aqui dublada pela comediante Mindy Kaling, que também serve como produtora executiva do desenho.
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No fundo, não há nada muito novo aqui se você não é fã desse universo.
Na nova encarnação, a protagonista é uma adolescente descendente de imigrantes do sul da Ásia que está confusa com a própria sexualidade – piada recorrente com a personagem. Enquanto tenta descobrir o paradeiro da mãe, que desapareceu dois anos antes, ela precisa lidar com uma série de escabrosos assassinatos que vêm ocorrendo na escola em que estuda.
O caso a aproxima de Daphne, aqui uma descendente asiática dublada por Constance Wu; Fred, um jovem rico que ainda não atingiu a puberdade e tem a voz de Glenn Howerton; e Norville, uma versão negra do personagem Salsicha, interpretado pelo comediante Sam Richardson.
O elenco diversificado vira uma das recorrentes piadas de autorreferência do programa, que faz graça com a fórmula e a familiaridade do público com a franquia Scooby Doo. Até Capitão Cluter, mergulhador que assombra a baía de Vila Legal, faz uma pequena aparição.
A estrutura de arco de temporada, no qual a história só termina no décimo episódio, atrapalha um pouco o ritmo da narrativa. Algumas situações se repetem em círculos e os personagens parecem não ter muito a dizer além das mesmas piadas. Um problema dividido por outras versões de Scooby Doo.
A parte adulta da história envolve a apresentação de corpos dilacerados na tela e uma série de comentários sobre a sexualidade e os hábitos sexuais dos personagens. O serial killer recria cenas de matança de obras como Sexta-Feira 13 e Halloween. No fundo, não há nada muito novo aqui se você não é fã desse universo.
Velma, embora seja um bom passatempo, não é a versão mais engraçada de Scooby Doo disponível na HBO Max. Esse título pertence a Que Legal, Scooby-Doo!, exibido no Cartoon Network entre 2015 e 2018. Aliás, essa encanação é até mais inventiva e certamente mais apropriada para todos os públicos.
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