No meu pesadelo imaginário sobre ser mãe, antes de ser mãe, vivíamos no cenário dos Telettubies: muito colorido demais e, ao fundo, música repetitiva e simplória, igual as de brinquedo de criança quando a pilha está acabando. Por ter esse preconceito, quando fui ser mãe de fato não recorri aos comuns DVDs infantis, como Galinha Pintadinha e afins. Havia sido informada que era impossível passar pela maternidade incólume a eles, então era melhor cortar caminho e adquiri-los mesmo antes de a pequena criatura nascer.
Não segui o conselho, afinal, não poderia ser que eu mesma incluísse na minha própria vida os elementos mais sórdidos do meu pesadelo – embora agora eu entenda que ele era fruto de uma visão levemente limitada. As crianças não conhecem esses produtos antes de nascer: bingo! Não sentirão falta deles se não forem devidamente apresentados (e essa apresentação, quem faz!?).
Decidi procurar alternativas e tive uma agradável surpresa ao encontrar o projeto Pequeno Cidadão, banda formada em 2008 por Arnaldo Antunes, Edgar Scandurra, Taciana Barros, Antonio Pinto e seus filhos.
De vez em quando, colocava DVDs aleatórios de shows ou clipes das músicas que sempre escutamos. Mas com o passar do tempo, entendi que as crianças talvez precisem daquilo que é adequado à idade delas, até para conseguir adquirir repertório e construir narrativas próprias.
Decidi procurar alternativas e tive uma agradável surpresa ao encontrar o projeto Pequeno Cidadão, banda formada em 2008 por Arnaldo Antunes, Edgar Scandurra, Taciana Barros, Antonio Pinto e seus filhos. Os quatro músicos, conhecidos de outros carnavais, criaram composições que mesclam rock, forró, pop e MPB para crianças, com letras que dizem respeito ao cotidiano delas e com animações para acompanhar.
A saga do Pequeno Cidadão rendeu, até agora, três DVDs de música, dois livros e um curta-metragem. Além do “hino” da banda, que indica que criança não tem que ser herói ou princesa… Tem que ser… criança!
“Agora pode tomar banho,
Agora pode sentar pra comer,
Agora pode escovar os dentes,
Agora pega o livro, pode ler.
Agora tem que jogar videogame,
Agora tem que assistir TV,
Agora tem que comer chocolate,
Agora tem que gritar pra valer!”
Até hoje não comprei nenhum DVD infantil dos mais “tradicionais”, mesmo sabendo que em algum momento eles adentrarão nossas vidas. Até lá, procurarei novos sons, até porque a equipe da Galinha Pintadinha – com certeza mais que absoluta – vai aparecer um dia desses por aqui. E tudo bem, acredito que o importante é mesclar as opções e oferecer sons diferentes, até para que a criança conheça outras músicas e melodias para ativar conexões cerebrais, não apenas as mais básicas.
Aquele meu leve equívoco sobre a música terrível sendo repetida à exaustão não é bem culpa da Galinha ou de Mozart. As crianças gostam de repetir as ações e com música não é diferente: a música que gostam será ouvida mil vezes e aí nem o melhor compositor poderá nos salvar do repeat.
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