A nova atração infantil da Netflix reúne elementos que pode atrair diferentes gerações. Beat Bugs conta histórias de cinco simpáticos insetos que vivem no jardim de uma casa e o roteiro de cada episódio é inspirado em alguma letra de música dos Beatles. Estão disponíveis na plataforma online, desde o dia 3 de agosto, 13 episódios (com duas histórias cada um) e a segunda temporada já tem data prevista para lançamento: 18 de novembro.
O desenho chama atenção das crianças, mas cativa também os adultos que, já escolados sobre o trabalho dos garotos de Liverpool, imaginam que devem passar esse “legado” às crianças (quem não quer que os filhos desenvolvam gosto musical parecido com o seu?). Não vejo jeito melhor para isso do que transformar o conteúdo em linguagem que pode ser mais facilmente aceita pelos pequenos. Aposto que muitos pais e mães, assim como eu (sim, é um clichê, amamos os Beatles), vibraram com a possibilidade de as crianças terem acesso à “música de qualidade” (sim, conceito bem elástico) vendo algo apropriado para a idade deles.
O criador da série, John Wakely, disse, em entrevista à revista Rolling Stone, que a ideia de uma história baseada em músicas vem da sua própria infância. “Lembro de mim bem pequeno pensando como seria morar em um submarino amarelo ou sobre quem era Eleanor Rigby ou como seria uma canção continuar para sempre. Essa imaginação me preparou para ser adulto”, afirmou. A inspiração dele é fantástica. Nos faz lembrar de todo o mundo de faz de conta que tínhamos quando crianças.
Se a base para a produção foi a imaginação infantil, o processo para que a ideia saísse do papel dependeu de muitas idas e vindas no mundo adulto. Foram mais de três anos de negociações com a gravadora Sony/ATV Music Publishing para que a produtora da série infantil pudesse ter os direitos para reimaginar as canções e contar histórias a partir delas. A gravadora é conhecida por ser bastante restritiva com tudo que envolve os Beatles.
Você tem que agarrar a vida pelos caninos e declarar quem você é para o mundo. A sua característica mais extraordinária é a sua singularidade.
As versões de músicas do “quarteto fabuloso” – “Lucy in The Sky with Diamonds”, “Help”, “I am a Loser”, “Come Together”, “Day Tripper”, “Blackbird”, entre outras – foram feitas especialmente para o desenho e tem a participação de artistas de renome. Na primeira temporada, Eddie Vedder, Sia, Pink, James Corden e outros deram voz aos clássicos. Para a segunda rodada de episódios, já estão confirmados Rod Stewart, Jennifer Hudson, Chris Cornell e Regina Spektor.
A animação é colorida e os personagens são bem caricatos, como as crianças gostam. As histórias são positivas e otimistas, como as crianças precisam ver a vida. Os diálogos não são simplórios, mas contém frases fortes, como: “você tem que agarrar a vida pelos caninos e declarar quem você é para o mundo.
A sua característica mais extraordinária é a sua singularidade”, dita por uma lesma azul no episódio “I am the Walrus”. Temos de convir que alguns desenhos infantis causam ojeriza nos adultos. Beat Bugs pode ser uma boa saída para a hora em que for preciso ver tevê juntos, pois além da trilha sonora de qualidade, traz elementos interessantes: histórias mais complexas e conversas mais profundas.
O cenário é um jardim e a série apresenta uma visão do mundo dos insetos que, vamos combinar? É uma incógnita para todos nós. É bom ver uma versão criativa de um contexto que pouco conhecemos, pois faz a imaginação dar piruetas. Imagina isso na cabeça das crianças. Os bichos, ao longo da primeira temporada, se relacionam com elementos humanos, vivem algumas aventuras e as estorinhas sempre passam algum significado: autoestima, amizade, enfim, coisas bonitas e fofinhas, como haveria de ser em uma série infantil.
Por aqui, a tevê não faz muito sucesso e com 1 ano e 3 meses, a criança ainda não acompanha o roteiro, porém fica completamente encantada com os sons. Quando chega na execução musical de cada episódio, é possível ver a mágica acontecer. Olhos brilham, perninhas se agitam e toda a atenção da criança está naqueles minutos onde há música, dança, cores. Nessa hora, o coração dos pais bate mais forte, imaginando que em breve aquele bebê tão pequeno vai cantarolar “All You Need is Love” feliz e saltitante, assim como os personagens.
Boa notícia
Gostou da ideia? Parece que vem por aí outros produtos com base em músicas. Wakely, criador de Beat Bugs, tem outros dois projetos semelhantes em andamento: uma segunda série infantil para a Netflix, desta vez inspirado nas músicas da Motown – lendária gravadora de soul – e uma série dramática para a TV Lionsgate/Amazon com base nas letras de Bob Dylan. Os projetos ainda não têm nomes definitivos nem data de lançamento prevista.
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