Sempre gostei muito de ver televisão, desde criança. Filmes, séries, jornais, shows, programas de entrevista ou qualquer produção boba mesmo (inclua aí reality shows, novela e até a Guerra dos Cupcakes). Havia dias em que a casa parecia o bar da esquina: a tevê ligada o dia todo naquela emissora mais popular mesmo. Nos fins de semana, havia as maratonas de série, maratonas de filmes, maratona de preguiça de ver qualquer coisa que exija reflexão… Enfim.
Depois da chegada do bebê, foi preciso adaptar. Nos primeiros meses, as pequenas criaturas exigem muito e pais e mães também alcançam altos graus de exigência consigo mesmo: há tanto o que fazer, tanto para aprender, uma rotina a ser criada… Não sobra muito tempo para tevê; nem para os programas favoritos. Além disso, em geral, a melhor programação é observar o rebento.
Quando o fluxo começou a correr mais tranquilo, ali pelo fim do primeiro mês de vida da filhota, fui pega de surpresa por uma típica preocupação materna: e a cria pode assistir tevê!? “Não tinha algo assim de ser proibido? Meus pais não me deixavam ver todo tempo de tevê que eu queria”, ponderei.
Dizem as pesquisas científicas que o acesso ilimitado à telinha pode gerar problemas na visão periférica das crianças, principalmente se forem expostas a muito tempo de tevê nos primeiros dois anos de vida. Outras questões levantadas pelos pesquisadores, giram em torno de isolamento, agressividade, insônia, tendência à imitação, consumismo, entre outros aspectos negativos que o uso irrestrito da tevê pode gerar. É claro que na mente de uma mãe de primeira viagem isso tudo é muito assustador.
Mas nem tudo são trevas, há o lado bom de ver tevê. Ufa. Assistir à televisão pode levar as crianças a compreender e construir narrativas, adquirir noção de tempo, imaginar, conhecer culturas diferentes, aprender novas brincadeiras e canções.
Sei que, em breve, ela deve formar os próprios gostos e provavelmente terá seus programas prediletos – tanto pelo que vai ver em casa quanto pelas referências que trará da escola, da rua.
É claro que o resultado depende, de acordo com os especialistas, de doses de parcimônia aliadas à programação que tenha a ver com a idade de quem assiste.
Adequação
Sem saber direito como lidar com essas informações e vendo sempre o copo meio vazio, lembrava mais dos aspectos negativos e via o mínimo de tevê, quase sempre quando o bebê dormia. A adaptação exigiu esforços, é claro. Estava acostumada com tevê sem restrições e tive que começar a reavaliar esse hábito (assim como muitos outros) por conta do nascimento da filha.
Fui do 80 ao 8 e, no último ano, aprendi que nesse aspecto da vida em família, pelo jeito, muita coisa ainda vai mudar. Como diminuímos o tempo de ver tevê em casa (e nem fizemos arsenal prévio de obras específicas – a famigerada Galinha Pintadinha e afins ainda não apareceram por aqui), a filhota não presta muita atenção à tela (nem quando a gente gostaria que ela visse…). Na verdade, só parou para olhar a tevê em duas ou três ocasiões: quando estava passando um jogo de basquete, um clip de uma diva pop e na abertura de uma novela, por causa da música dançante e das imagens coloridas.
Filmes e séries só para adultos são vistos nos horários que só adultos estão assistindo tevê. Por mais que o bebê não compreenda completamente o que vê, há momentos tensos (sempre tem uma história que envolve assassinatos, torturas, traições ou coisas semelhantes) e achamos melhor não misturar alhos com bugalhos. Em geral, em companhia da filhota, vemos jornal, filmes sem contraindicação na faixa etária ou shows de bandas que gostamos.
Agora, em vez do programa qualquer que estiver passando, do filme que quero ver sem falta ou da tevê ligada sem critério algum, em qualquer horário, reforçamos a coleção de DVDs de shows de música, filmes que gostamos (e que são apropriados para crianças), documentários e musicais. Não há um limite pré-definido, mas o bom senso nos diz quando é hora de desligar a tevê e levar a cria para brincar no quintal ou fazer qualquer outra coisa. Sei que, em breve, ela deve formar os próprios gostos e provavelmente terá seus programas prediletos – tanto pelo que vai ver em casa quanto pelas referências que trará da escola, da rua. Mas até lá, vou deixar o documentário da Beyoncé em repeat na tevê.
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