Já faz tempo que Super Mães (Workin moms) – comédia dramática canadense que estreou em 2017 e está na Netflix – aguarda o momento do play na minha lista. Eu sabia que seria emocionalmente pesado, afinal, mesmo tentando encarar a maternidade como ela é, é difícil fugir dos floreios aos quais fomos submetidos e como aprendemos que “deveria ser”.
O título óbvio e o resumo já indicam que maternidade é o tema central da série. Me dediquei a ela nas últimas semanas e ri e chorei muito, me identificando com as personagens que, embora caricatas, retratam muitos dramas e clichês da maternidade.
O tom ácido da série não a deixa menos envolvente e interessante. Desnudar as muitas facetas da parentalidade é uma missão difícil, mas que o roteiro consegue fazer com maestria.
O melhor é que são episódios curtos: perfeitos para o cotidiano acelerado da maioria das mulheres.
A série retrata o cotidiano de quatro mulheres que convivem em um grupo de mães. Ali, suas diferenças se escancaram: elas julgam umas às outras mas também se apoiam e se sensibilizam.
A atração nos faz refletir e lembrar que não há receita pronta, não existe um caminho perfeito a ser percorrido na maternidade. Escancara que, muito mais que julgamento, as mães precisam de apoio irrestrito, compreensão, oportunidades de trabalho e de escolha.
Uma nova vida é uma benção, é uma certeza de continuidade da vida, é a natureza cumprindo seu papel. É leve e um bálsamo conviver com filhotes – sejam eles de qual espécie for. Mas a conformação da sociedade não permite que a gente viva essa intensidade com leveza. Posso falar do lugar da mulher: passamos de donas de casa totalmente renegadas à vida do lar para mulheres que ainda têm esse papel e também querem trabalhar, ter uma vida social, independência financeira, momentos de solidão e autocuidado, querem ver uma série (eu!), ler um livro…
Mas qual é o limite humanamente aceitável para girar os pratos sem parar? Diferente do show circense, que tem hora para acabar, as mulheres são duramente julgadas se deixam um prato cair.
Muitas mães assumem essa pecha de super heroínas, que de tudo um pouco fazem. A série Super Mães brinca com essa pretensa capacidade de conseguir fazer tudo com maestria, sendo elogiadas e tendo sucesso sem, é claro, esmorecer jamais. A obra escancara que as mulheres que têm filhos (e as que não têm filhos também) têm de viver tal qual a atração dos pratos de circo, que precisam girar o tempo todo para não cair.
Mas qual é o limite humanamente aceitável para girar os pratos sem parar? Diferente do show circense, que tem hora para acabar, as mulheres são duramente julgadas se deixam um prato cair. Muitas paralisam diante dos cacos de um que perdeu o ponto de equilíbrio e a falta de empatia as faz perder todos os outros.
A série conta o dia-a-dia de Kate (Catherine Reitman), Anne (Dani Kind), Jenny (Jessalyn Wanlim) e Frankie (Juno Rinaldi) em Toronto. Elas estão no momento de retorno ao trabalho após serem mães e precisam lidar com a volta ao mercado de trabalho, a depressão pós-parto, relacionamentos amorosos, traição e amizades. Com um olhar empático sobre o papel da mulher, a série é arrebatadora, pois faz pensar e mostra a realidade menos conhecida da maternidade.